Um ano a mais, um ano a menos

|Hélio Bernardo Lopes|
Passaram mais umas Férias Grandes e com eles chegou o meu sexagésimo nono aniversário. Um ano a mais na minha vida neste nosso mundo, mas um ano a menos no que ainda me resta e em que tantos sonhos ainda desejo poder realizar. Como teria de dar-se, recebi livros como lembranças.

E, dado que a família é grandota, recebi um número muito razoável deles. De modo que consegui manter o meu tempo livre do controlo e orientação dos netinhos, com uma contínua, rápida e excelente leitura. Com um terrível calor por todo o País, quase não dei conta da passagem do tempo, reservando a manhã cedo e o final da tarde para me ausentar de casa com a minha mulher. Simplesmente maravilhoso. Comecei por ler O HOMEM DE CONSTANTINOPLA, de José Rodrigues dos Santos e logo de seguida UM MILIONÁRIO EM LISBOA, do mesmo autor. Duas obras muito iinteressantes, romanceando a vida de Gulbenkian, de muito fácil e agradável leitura, e que nos introduzem em aspetos diversos e muito realistas da vida daquele arménio e dos seus conterrâneos em geral.

Logo depois, deitei-me a ler PEDRO II – O ÚLTIMO PAPA, de Alberto Campinho, já falecido, que estudou Filosofia e Teologia, licenciando-se depois em Direito e tendo atingido o lugar de juiz desembargador. Uma obra também muito interessante, que se lê com idêntica facilidade e muito realista. Um sonho que vale a pena conhecer, comparando com o que hoje se vê pelo nosso mundo. Prossegui com AVAREZA, de Emiliano Fittipaldi, que completa muitíssimo bem a anterior obra do falecido magistrado. Uma extraordinária ligação entre o sonho e a realidade. Uma obra a não perder, até pelo impacto que teve e pelo que nos revela. E que é só uma pequena parte da plena realidade. Uma obra a não perder. E logo de seguida OS JUDEUS DO PAPA, de Gordon Thomas, que nos traz um relato sobre o comportamento de Pio XII em face do Holocausto.

Continuei depois com A NOVA ESPIONAGEM MUNDIAL, de Stephen Grey, que deixará os seus leitores muito inteirados, embora sempre parcialmente, com os caminhos seguidos hoje pela espionagem e que lhes permitirá perceber que as liberdades, direitos e garantias, sempre que necessário, poderão não passar de mera expressão sem correspondência com a realidade.

Num ápice de grande satisfação por razões diversas, prossegui com JUSTIÇA FISCAL, de J. L. Saldanha Sanches, PORTUGAL E O ESPAÇO, de Manuel Paiva, POLÍTICA E ENTRETENIMENTO, de José Santana Pereira, O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA, de Eugénia da Conceição, PORTUGAL E O ATLÂNTICO, de Bernardo Pires de Lima, TURISMO EM PORTUGAL, de Vera Gouveia Barros, POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA, de Tiago Moreira de Sá e FORÇAS ARMADAS EM PORTUGAL, de J. Loureiro dos Santos, todos muitíssimo baratos, extremamente acessíveis, muito integradores nas respetivas temáticas e publicados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. A lembrança dos meus netinhos, aqui orientados pela Vovó.

Por fim, tenho vindo a ler três teses de mestrado que retirei dos repositórios de universidades portuguesesas: O TERRORISMO E O IMPACTO NOS DIREITOS HUMANOS, de Vera Lúcia Monteiro da Mota Melo; O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A SUA GARANTIA EM ANGOLA, de Walker Marcolino dos Reis Garcia; e A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA JUDICIAL ENQUANTO CONDICIONANTE DA REALIZAÇÃO DO DIREITO, de Nuno Miguel P. R. Coelho. Obras muito interessantes e atuais, embora lidas na perspetiva de quem das mesmas pretende retirar ideias sobre o que está em jogo à luz da opinião dos autores, mas muito à revelia na natureza própria dos trabalhos académicos. Como se percebe, existe também já um conhecimento bom sobre as temáticas em causa.

Como se percebe facilmente, foram – estão ainda a ser – umas excelentes Férias de Grandes. De resto, complementadas com quatro quadros meus usando colagens, que os meus netos e seus pais não viram até este momento. Enfim, um excelente tempo de descanso sem as diárias tarefas, naturalmente sempre agradáveis, com os meus netinhos. E férias passadas em Lisboa. E mais e igualmente muito importante: com um gelado grande – meio quilograma – sempre a seguir ao almoço em casa, cabendo-me, digamos, três quarto do mesmo.

Gelados que têm sido de morango, limão, frutos silvestres e caramelo. Uma maravilha! E tudo isto com cerca de uma dúzia de refeições fora de casa, entre almoços e jantares, sobretudo com manjares chineses e de suchi. Duas outras maravilhas. Umas Férias Grandes bem passadas e muito fora do comum. Mas está a aproximar-se o seu fim, embora a saudade do resto da famíla seja já grande. Sobretudo dos netinhos.

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