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|Hélio Bernardo Lopes| |
Ao mesmo tempo, os portugueses talvez se tenham dado conta, pela primeira vez, da desgraça que nos foi trazida pela nossa presença no seio da famigerada União Europeia. Longe de tratarem temas de natureza económica e financeira, os seus eurocratas não eleitos o que fazem é retirar a soberania dos povos, ajudando à sua desgraça, deixando tudo sob comando alemão.
Nem no espantoso caso turco esses eurocratas foram para lá de mero palavreado, que terá feito rir o ditador Erdogan. Aliás, os Estados Unidos também já sucumbiram perante o novo evidente ditador. E de resto, o recente relatório sobre os mil e um brutais erros de Blair no caso da Guerra do Iraque permitem perceber o que sempre se soube: a Europa simplesmente não conta, só ligando à negociata que tem permitido o enriquecimento de uma minoria.
Por tudo isto, estas posições do PSD de Pedro Passos Coelho e seus companheiros de caminhada acabam por ser vistas como realmente sempre foram: um completo alinhamento com aqueles eurocratas, mesmo que os portugueses se venham a ver injustamente punidos por incumprimentos do anterior Governo. É o primeiro ato deste PSD de Pedro Passos Coelho, mostrando a perigosa ausência de alternativa às possíveis insuficiências da atual governação.
O segundo ato foi o ontem protagonizado por umas dezenas de deputados do PSD ao redor da votação em António Correia de Campos para um cargo com certa relevância. Tudo havia sido alvo de um acordo entre PS e PSD, mas a verdade é que este violou logo esse mesmo acordo. Simplesmente, este lado da moeda teve também um outro, bem melhor e muito mais esclarecedor: permitiu ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, como também ao seu antecessor, perceber, ao vivo, a completa impossibilidade de se poder estabelecer um qualquer acordo de regime com o PSD, porque o hoje assinado logo é rasgado no momento seguinte mais oportuno. Espero que o PS compreenda bem o alcance do que se passou.
Por fim, o terceiro ato: as barrigas de aluguer. Depois do modo rápido como Pedro Passos Coelho, e tantos dos seus companheiros, apoiaram o projeto de diploma surgido, perante o regresso do mesmo à Assembleia da República e cabalmente modificado, nos termos propostos pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o PSD e Pedro Passos Coelho descobriram agora que se impunha estudar melhor o tema! Mas só agora descobriram uma tal evidência!? Então quando votaram da vez anterior fizeram-no sem se terem dado conta dessa tão forte falha agora brandida!!? É o ridículo em política. É, objetivamente, brincar com os portugueses, ajudando a destruir o que ainda resta de democracia, agora que Portugal, com o silêncio da Direita, se vê constantemente atropelado pelos eurocratas de Bruxelas e de outros areópagos nada recomendáveis.
Estes três atos dão-nos hoje uma excelente ideia do estado em que encontra o PSD de Pedro Passos Coelho e o que os portugueses, desde que estejam atentos, podem esperar da Direita portuguesa. É, indubitavelmente, o PSD em três atos. E se a CDU já percebeu os riscos de se passar de mal para pior, será bom que o Bloco de Esquerda tenha cuidado, porque a ir tudo isto pela borda fora, seriam eles e os portugueses os principais e grandes perdedores. Lá diz o ditado: há mais marés que marinheiros.