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|Hélio Bernardo Lopes| |
A grande verdade é que os portugueses sempre foram muito dados a amochar, e pela simples razão de que pouco ligaram, ao longo de muitas décadas, à democracia. Um tema sobre que escrevi já bastante e por diversas vezes. No fundo, é uma materialização da velha máxima lusitana de o calado é o melhor.
É claro que há muita gente que acha que não devemos ter o descaramento que tem Espanha, França ou Itália, ou seja, que somos menos Estado e menos soberano do que cada um deles. A verdade é que esta realidade é de sempre. Basta recordar as palavras de uma das nossas personalidades políticas mais referentes da III República, a propósito da conversa entre Salazar e George Ball, em que este sugeriu ao primeiro o apontar público de um prazo para o início da independência das antigas províncias ultramarinas.
Salazar, percebendo a mais que evidente falta de fundamento nos pressupostos do antigo Secretário de Estado de John Kennedy, ouviu-o e não mais lhe ligou. Hoje, já com uma amplíssima liberdade de informar, esta acaba por ser utilizada, até pelos partidos e políticos da oposição, para defender a subordinação dos interesses de Portugal e dos portugueses aos ditames da Comissão Europeia e dos líderes alemães e de mais um ou outro Estado da atual UDEDE, ou seja, da União Ditatorial dos Estados Decadentes Europeus. Precisamente os que há dias nos ofereceram o triste espetáculo de cobardia perante o líder do Irão, escondendo o nosso património histórico.
Em tempos, logo após a Revolução de 25 de Abril, ouvia-se diariamente a afirmação de que lutaríamos com as armas que tínhamos na mão. Dessas armas, as principais são a História, a Cultura e o Património. Mas o que agora se pode ver é que as lágrimas derramadas pela destruição do património de Palmira são de simples crocodilo, porque ao nosso próprio património escondemo-lo. E tudo em troca de pilim. É, em boa verdade, um exemplo vivo da afirmação do Papa Francisco de que esta economia mata.
Por fim, o ambiente que vai alastrando por todo o espaço da UDEDE, seja na Hungria, na República Checa ou na Polónia, seja na Áustria, na Suécia ou na Dinamarca, sempre ao redor da marginalização a que vêm sendo sujeitos os refugiados. Realidades que mostram agora a fantástica hipocrisia com que sempre foi apontado o exemplo de Aristides de Sousa Mendes. No fundo, se fosse hoje, ter-lhe-iam feito o mesmo, ou até muito pior.
Até a França viu já chamada a sua atenção por par parte do Conselho de Segurança da ONU para as perigosas consequências do anormalmente extenso estado de emergência. Aqui está como o meu texto de há uns três ou quatro anos se mostrou tão acertado e preventivo: O NAZISMO PODERÁ ESTAR DE VOLTA. Adaptadamente, já chegou à Europa, agora que a UE se transformou na UDEDE. A verdade é que tudo tem uma explicação.