Seguro de vida

|Hélio Bernardo Lopes|
Sem réstia de admiração, foi como escutei as palavras de Pedro Passos Coelho sobre a sua recandidatura à liderança do PSD. Mas foi com uma gargalhada que lhe ouvi o lema da candidatura: “Social-Democracia Sempre!”. 

A naturalidade da decisão de se recandidatar só é acompanhada no atrevimento do lema. E mostra uma coisa simples, que pôde também já ver-se na recente vitória de Marcelo Rebelo de Sousa: os portugueses comem (quase) tudo o que lhes é dado. No plano político, claro está.

Neste caso da decisão já pré-anunciada de Pedro Passos Coelho tudo bate certo, porque este sabe que o próximo Presidente da República está a anos-luz de morrer de amores pela orientação política de Pedro Passos Coelho e sua equipa. Acauteladamente – não vá Marcelo tecê-las...–, Pedro Passos Coelho determina-se já a relegitimar a sua liderança no PSD.

Acontece, porém, que tal medida, sendo taticamente a única possível por parte de Pedro Passos Coelho, não é suficiente. Existem outros caminhos que bem poderão deitar o atual líder do PSD pela porta fora.

Mas Pedro Passos Coelho não se limitou a pré-anunciar aa sua recandidatura, antes anunciando, por igual, que o lema da mesma será “Social-Democracia Sempre!”. Uma expressão verdadeiramente risível, fazendo lembrar aquela do dito socialismo democrático.

E tudo isto no seio de um espaço político completamente desnorteado, objetivamente sem outros valores que não sejam o dinheiro de uma meia dúzia, mesmo que boa parte dos povos europeus vivam um tempo que nunca quiseram imaginar a tempo e horas. Hoje, já sem um mínimo de dúvidas, a famigerada União Europeia bem poderá ser designada de União Ditatorial dos Estados Decadentes Europeus, (UDEDE).

Esta iniciativa de Pedro Passos Coelho e dos seus compagnos de route constitui-se, pois, num autêntico seguro de vida política: relegitimar-se no plano puramente político-formal na liderança do PSD e retirar margem de manobra a possíveis adversários que pudessem surgir com a ideia de recentrar o PSD ao redor dos seus valores historicamente apregoados.

Abre-se, deste modo, uma porta para um futuro Bloco Central, possível consequência do imprevisível e da ação da UDEDE. É (má e natural) ética na política dos nossos dias.

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