Quem diria?!

|Hélio Bernardo Lopes|
Pelo início da madrugada de ontem dei uma das minhas fortes e abertas gargalhadas, ao tomar conhecimento da notícia inserida na primeira página de certo diário, na sua edição de ontem: Ana Gomes deixou o seu apoio a Maria de Belém, passando a apoiar António Sampaio da Nóvoa. Fiquei satisfeito.

Há perto de um ano, a nossa eurodeputada do PS havia sugerido o nome de Maria de Belém, em face do impasse ao redor de Guterres e do resto dos seus colegas militantes, para candidata a apoiar pelo PS na corrida presidencial, até porque, tendo passado quatro décadas sobre a Revolução de 25 de Abril, seria chegada a hora de uma mulher ocupar o cargo de Presidente da República.

A ideia comportava dois erros fáceis de perceber: uma escolha verdadeiramente democrática tem que ser livremente assumida e não pode depender do género; e, com fortíssima evidência, o perfil de Maria de Belém situava-se a anos-luz de poder galvanizar a vontade e a esperança da grande maioria dos portugueses. Uma objetiva derrota anunciada.

Uma tal ideia até se poderia compreender, por exemplo, em Álvaro Beleza ou Vera Jardim, mas já não em Ana Gomes. E por esta razão elementar de perceber: Maria de Belém era um recurso de n-ésima opção, sendo n um número inteiro muito elevado. E era, como todos perceberam, uma candidatura naturalmente apoiada por gente da direita de Abril. O próprio Jaime Gama o havia já sido, embora se tenha dado conta de que o seu passado político era naturalmente convidativo a evitar um tareão eleitoral. Com toda a lógica política, não se dispôs a concorrer.

A verdade é que errar é humano. Isso mesmo nos mostrou Ana Gomes, ao determinar-se agora a apoiar a candidatura realmente independente, e que é a do académico António Sampaio da Nóvoa. E, segundo percebi, Ana Gomes será a mandatária de António Sampaio da Nóvoa para a área dos Assuntos Europeus. Bom, é caso para se dizer que se trata de um trunfo dois em um: vale pela qualidade da eurodeputada e pelo seu conhecimento daquela área.

Espero agora que muitos outros portugueses, políticos ou meros eleitores, se determinem a seguir o caminho que Ana Gomes se vai trilhar. À primeira, muitos poderão ter caído, mas à segunda já é coisa que faz pensar. Já só faltam dezoito dias...

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