Bruxo

|Hélio Bernardo Lopes|
A verdade é que não é preciso ser-se bruxo para deduzir o que agora veio a público: Portugal apresenta risco de financiamento do terrorismo islâmico. Não por sermos pró-islamitas ou defensores de práticas terroristas, mas por tolerarmos a corrupção com extrema facilidade.

Por isso eu mesmo caraterizei o português, já desde há muito, deste modo: não viu, não ouviu, não sabe, não pensa, obedece. Veja-se, por exemplo, como hoje a generalidade das pessoas nega ter votado em Cavaco Silva para o Presidente da República... Lá está um velho e revoltante ditado mui popularmente português: a sorte de um homem é escapar.

Nos termos do referido em certo relatório nacional, Portugal tem poucas defesas contra quem queira financiar atividades de extremistas islâmicos. E é a realidade. De resto, uma realidade que se suporta na quase completa ausência de condenados por corrupção em Portugal. É o tipo de carta que as nossas autoridades nunca conseguem levar a Garcia.

Embora tudo aponte para uma probabilidade muito pequena de por aqui se vir a assistir a violência originária do terrorismo islâmico, em face do nosso modo simples e afável de ser, e também por realmente nada representarmos no quadro geral da política mundial, já o risco de financiamento do terrorismo e do branqueamento de capitais está presente de um modo forte, em face da ineficácia no seu combate. O estudo aponta bancos e outras instituições financeiras, mas também o setor imobiliário e a atividade notarial, esta considerada de muito alta probabilidade de poder ter lugar, como principais meios por onde passará o tal financiamento. E ainda a atividade praticada nos casinos, no exercício da advocacia e da solicitadoria.

Um dado é certo: não é preciso ser-se bruxo, ou elaborar grandes estudos, para se depreender, de um modo simples, que tal realidade terá de estar presente em Portugal. Consumir dois anos para concluir o ora vindo a público, é bem a prova de que as suas conclusões – expectavelmente percetíveis desde sempre – estão absolutamente corretas. E então? O que é que irá mudar? Pois, a minha opinião é que muito pouco mudará.

Porventura, nada. Basta recordar como se gastaram quatro anos à procura de legislação contra o enriquecimento ilícito – era o que se dizia – e como tudo se ficou por nada. As coisas são como são e como sempre nós as conhecemos.

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