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|Hélio Bernardo Lopes| |
Extraordinárias fontes de bem-estar psicológico, para mais agora, que a esperança voltou aos portugueses, com a saída do poder da anterior coligação do PSD e do CDS/PP.
Desde logo, o mais recente caso de um filme do interrogatório de Miguel Macedo, surgido num canal televisivo. Bom, caro leitor, um verdadeiro fartote de rir. Nem mesmo eu, que sempre gostei dos temas do Direito, da Política e da espionagem, alguma vez imaginei uma tal possibilidade, mesmo em Portugal. Umas fuguitas, bom, vá que não vá, mas o filme de um interrogatório, surgido depois num canal televisivo, é realidade que nunca me passou pela cabeça!
Quem acabou por ver-se bafejado na sua sorte, com este fantástico caso, foi Miguel Macedo, porque é o Sistema de Justiça que acaba por sair pela porta baixa. E mais aí acabará por ficar se as autoridades competentes não descobrirem o autor deste crime. Veremos as consequências de tudo isto na validação dos atos processuais em jogo.
Totalmente em consonância com esta realidade, eis que a Transparência Internacional nos veio oferecer este miminho: Portugal é um dos membros e parceiros da NATO com risco elevado de corrupção no setor da defesa, apresentando um dos piores níveis na área operacional. Uma objetiva maravilha, de há muito badalada. Em todo o caso, e como agora se pôde ver, uma maravilha que se mantém vivinha da costa. Como se vê, ao fim de quatro anos do tão estafado rigor do anterior Governo, a Transparência Internacional revela que Portugal está longe dos melhores padrões internacionais de transparência, supervisão e responsabilização no que toca ao setor da Defesa.
Por fim, o caso verdadeiramente mais espantoso de tudo isto, e que foi o que mais suscitou as minhas risadas: as declarações de Jorge Silva Carvalho, antigo líder do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, no tribunal em que está a ser julgado e que o autorizou a prestá-las, a cuja luz os serviços de informação são proprietários de órgãos de órgãos de comunicação...
Bom, caro leitor, fartei-me de rir. E tive esta reação porque eu sabia da compra de jornalistas, seja por cá ou pelo mundo, em geral. Mas que os nossos serviços tivessem meios para adquirir órgãos de comunicação social, bom, isso nunca eu imaginei.
Claro está que esta é a realidade de todo o mundo, a ninguém sendo lícito desconhecer a mesma. E, como se percebe facilmente, o problema foge completamente a uma apreciação de legalidade, porque a própria estrutura existe para a ultrapassar. Todos o sabem. Como pude já escrever, foi isto mesmo explicado, há uns bons anos, en passant, pelo histórico Montalvão Machado, que então liderava a (dita) Comissão de Fiscalização dos Serviços de Informações. Tema que justificou as aflitinhas de José Alberto Carvalho num diálogo com José Francisco de Faria Costa, que estaria, ao tempo, para vir a liderar a referida estrutura.
Por tudo isto, o que me ocorreu foram as históricas palavras do tempo da Revolução de Abril, e que constituem o título deste texto. Mas, enfim, tudo isto nos vai permitindo a retoma de um estado de espírito mais alegre, porventura com um futuro feliz. Assim seja.