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|Hélio Bernardo Lopes| |
Quanto ao primeiro ponto, os bispos portugueses, com toda a lógica, salientaram que a Igreja Católica manterá a sua posição, que é bem sabida. Simplesmente, esta realidade mostra que vir agora lamentar a rapidez, ligeireza e até leviandade, com que a Assembleia da República aprovou a adoção de crianças por casais do mesmo sexo se constitui, de algum modo, num ato de bom cinismo, dado que a Igreja Católica simplesmente coloca o problema como estando fora de toda a discussão ou análise. Não é, como todos sabem, um problema de rapidez ou ligeireza.
Quanto à ausência de participação atempada da sociedade civil, trata-se de uma ideia que enferma de dois erros, digamos assim: porque sociedade civil é um conceito sem definição minimamente clara e porque foi também a própria Igreja Católica que nunca se determinou a operar a tal participação atempada.
Sobre o segundo ponto aqui tratado, nada seria mais simples de acertar do que na tomada de posição de agora de António Saraiva: os patrões fizeram as contas e, com base nos indicadores de produtividade, crescimento da economia e inflação, que são facilmente demonstráveis e mensuráveis, encontramos um valor que é inferior aos quinhentos e trinta euros de que o Governo vem falando. Pois, caro leitor, lá tinha de ser...
Portanto, como pode ver-se de novo, dos patrões, mesmo a Oeste, nada de novo. Quantos anos faltarão para que os patrões portugueses nos tragam a boa nova de uma proposta de montante superior ao defendido pela CGTP e por um Governo realmente preocupado com o bem-estar social mínimo da generalidade dos portugueses?
Estas palavras de António Saraiva, em nome dos patrões portugueses, foram em tudo idênticas às dos nossos bispos: há, primeiro que tudo, que estudar e analisar o problema, que foi o que fez – no dizer dos patrões, claro – o anterior Governo, e de tal modo que até João Proença – ainda dizem que existem impossíveis! –, um dia, se atirou ao ar com o dito por não dito do que havia sido (supostamente) decidido na Concertação Social.
O que retiro destas palavras de António Saraiva é que se impõe criar um novo feriado: Dia de S. Nunca. Uma decisão que se impõe tomar com uma rapidez ainda maior que a que conduziu à criação da legislação contra que a Igreja Católica agora protestou. É isso: crie-se, rapidamente, o feriado do Dia de S. Nunca.