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|Hélio Bernardo Lopes| |
E, como seria de esperar, de pronto alguns conhecidíssimos papagaios jornalísticos dos Estados Unidos vieram pôr em causa tais declarações, como que pedindo provas.
A grande verdade, porém, é que de há muito esta realidade era falada na grande comunicação social, embora nunca pela voz de um líder mundial. Desta vez, contudo, Vladimir Putin resolveu salientar a referida consabida realidade, assim mostrando ao mundo que a situação a que se chegou com o Estado Islâmico é o resultado deste ser apoiado, seja do modo que for, por Estados diversos do nosso mundo.br>
Pois, num ápice de uma meia dúzia de dias, eis que o Kuwait descobriu e deteve membros de uma rede jihadista internacional. Uma rede multinacional que financiava o Estado Islâmico com dinheiro, armas e mísseis, constituída por sírios, australianos, kuwaitianos, libaneses e egípcios, e tudo num total – para já, claro – de uma dezena de elementos. E foram as autoridades do Kuwait que acabaram por confirmar uma pequena parte da realidade que fora publicamente exposta por Vladimir Putin.br>
O problema, nestas coisas, como usa dizer-se, é que um mal nunca em só. Num segundo ápice a grande comunicação social norte-americana revelou que boa parte das armas fornecidas ao Estado Islâmico, através da tal rede, era fabricada na Ucrânia. Nestes armamentos, fabricados na Ucrânia, incluíam-se também sistemas chineses de mísseis FN6. E tudo isto foi chegando aos bandidos do Estado Islâmico através da Turquia e dos tais ditos pretendentes a libertadores da Síria...br>
Ora, o Estado Islâmico vende aos seus compradores petróleo, gás e cimento, para lá de controlar, por via de sequestro, diversos bancos sediados na parte da Síria por si controlada. Um verdadeiro mimo da democracia mundial, naturalmente controlada pelos Estados Unidos e, de um modo mais geral, pelos restantes Estados ocidentais. E tudo isto, ao que garante gente conhecedora do tema, envolvendo ativos de mais de dois triliões de dólares, com uma circulação média anual de cerca de três biliões de dólares.br>
Pode agora o leitor compreender a razão de John Kerry tanto ter pedido para que a Rússia não se envolvesse no combate ao Estado Islâmico: se o fizesse, toda a negociata em causa, geopolítica e económica, iria ao fundo. E não deixa de ser sinistro observar como os nossos jornalistas acham ótimos os recentes ataques da França ao Estado Islâmico, mas logo secundarizam os imensamente mais importantes e eficazes da Rússia. Temos a democracia...