![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
Por acaso, num domínio que António Vitorino também abordou nesta sua última conversa com Pedro Santana Lopes e Ana Lourenço.
Como se sabe, decorrem os trabalhos conducentes à possível obtenção de um acordo entre o PS, o Bloco de Esquerda, o PCP e Os Verdes, se o atual Governo vier a ser rejeitado na Assembleia da República, logo ao início da próxima semana. Esse acordo, como se percebe facilmente, nunca poderá garantir que será mantido em quaisquer circunstâncias. É a evidência das coisas e que a vida sempre nos ensinou. É claro que será mantido, mas por outras razões.
Ora, o interessante neste caso foram as recentes considerações de Henrique Neto, há uns dias atrás: o objetivo mínimo de um acordo à esquerda terá de ser um acordo escrito, com um compromisso formal para quatro anos, que assegure o entendimento em matérias da governação.
Pois, Ana Lourenço também colocou esta questão a António Vitorino, que de pronto explicou que garantias de eternidade nem no casamento. Bom, caro leitor é o que cada um de nós conhece, desde há décadas, do dia-a-dia da vida. Fiquei perplexo.
Qualquer um de nós percebe facilmente que, em política como no resto, um contrato só vale enquanto as partes assim entenderem. Pois se não fosse assim, não existiam divórcios, nem monsenhores e senhoras a violar regras que tinham jurado defender em nome de Deus. A garantia dada pelo PSD e pelo CDS/PP esteve prestes a ruir, e só não foi metida ao fundo porque os grandes interesses, através dos restantes dirigentes do CDS/PP do tempo, forçaram Paulo Portas a dar o dito por não dito.
Enfim, Henrique Neto, que tal como Maria de Belém não é verdadeiramente ser tomado como um real candidato ao Presidente da República, surgiu-nos agora com esta também estrórdinária ideia da indissolubilidade das coligações político-partidárias. Uma descoberta fabulosa, nunca imaginada, quase com toda a certeza, pelos nossos juristas.