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Acometa-67p |
Neste mesmo espírito descodificador, revelador do desconhecido, os cientistas da missão Roseta esperam que os dados por ela captados contribuam para que possamos compreender melhor o nascimento do nosso Sistema Solar. É que os cometas são “testemunhos” gelados dos primórdios do Sistema Solar e o conhecimento da sua composição física e química pode contribuir para validar, ou não, as teorias que temos hoje sobre o nascimento, formação e evolução do sistema planetário a que pertencemos.
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Esta descoberta é importante porque é a primeira vez que é descoberto oxigénio molecular na nuvem de gás (coma ou cabeleira) de um cometa. Antes disso, e além da Terra, só tinha sido encontrado O2 em duas nuvens interestelares e em luas de Júpiter ou Saturno. Se as moléculas de oxigénio ainda não tinham sido detectadas noutros cometas, isso deve-se à dificuldade de o fazer a partir de espectrómetros instalados em telescópios. Foram precisas as medições de proximidade da Roseta para isso se tornar possível.
Como foi possível observar oxigénio molecular ao longo de vários meses de medições, confirma-se que “esta molécula está presente em todo o corpo do 67P e não apenas à sua superfície”, referiu em conferência de imprensa Andre Bieler, primeiro autor do artigo. Isto implica que aquando da formação do cometa, nos primórdios do nosso Sistema Solar, existiam condições para a existência de oxigénio molecular que foi incorporado na composição do 67P, há cerca de cinco mil milhões de anos.
A descoberta é “surpreendente porque o oxigénio molecular é muito reativo e não seria de esperar que se mantivesse durante tanto tempo”, disse em conferência de imprensa Kathrin Altwegg, investigadora na Universidade de Berna (Suíça) e co-autora do estudo. Ainda segundo os autores do artigo agora publicado na Nature, a existência de oxigénio molecular nos primórdios do nosso Sistema Solar não está em concordância com os modelos comumente aceites para as condições existentes aquando da formação deste. O processo de formação do Sistema Solar teria de ter sido mais suave daquele estimado pelos modelos actuais.
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Evidentemente, há que ser cauteloso com estas rápidas deduções, pois há muito efeitos físicos em jogo, grande parte deles com uma larga gama de valores e intensidade possíveis. Por isso mesmo há que aprofundar esta questão e há que intensificar o estudo dos corpos portadores dos gelos do Sistema Solar, como cometas e Objetos da Cintura de Kuiper, e o estudo laboratorial do comportamento dos gelos em condições de temperatura e pressão extremamente baixas e sob irradiação por partículas energéticas, tal como se estivessem no Espaço.”
António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva