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|Hélio Bernardo Lopes| |
Acontece que tal metodologia não é a que pode aqui ser aplicada, porque o que se tem vindo a passar é mera peça de teatro. Tal como eu, também Rui Marques recebeu a notícia de que uma das paróquias do Vaticano havia já recebido uma família síria de uma religião cristã, embora nunca mais se tenha ouvido falar da segunda família, a ser recebida na segunda paróquia. E das nossas, bom, o melhor é tentar deixar este prurido da consciência.
Se Rui Marques olhar para o que se passou com as marcas de carros alemães – é quase certo que com outras deve ser idêntica situação –, facilmente perceberá que o Estado de Direito simplesmente não funciona, dominado como hoje está pelos grandes interesses. E se se determinar a olhar as tentativas de interferência nas eleições portuguesas, e nos seus resultados e consequências, por parte de gente estrangeira, em geral ligada aos tais grandes interesses, perceberá, por igual, que também a democracia está hoje fortemente minimizada. Tenho até dúvidas de que ainda realmente funcione. Em Portugal ou em França, por exemplo.
É verdade que, de um modo muito geral, a União Europeia é um monstro disfuncional, pelo que essa é também uma das causas desta lentidão. Só que neste caso o problema estende-se para mais longe, porque a generalidade dos Estados da União Europeia, tal como as suas populações, e mesmo as estruturas católicas, simplesmente nunca tiveram interesse em receber os refugiados, venham eles da Síria ou de um qualquer outro lugar.
Se Rui Maques se determinar a procurar por este nosso Portugal, mormente ao nível das paróquias e das misericórdias, verá que aquele apelo do Papa Francisco simplesmente não teve materialização. De resto, o cardeal Clemente, ainda em Roma ao tempo, foi logo dando a interpretação de que quando o Papa havia falado em paróquias se referia às casas de paroquianos, o que manifestamente não foi o caso. Por isso Francisco pediu aos seus discípulos para se virarem para o exterior e deixarem a zona do bem-estar. Quanto mais irem agora as paróquias receber refugiados! Pois se assim fosse, já se teriam determinado a receber tantas famílias portuguesas caídas na pobreza por via da ação política desta Minoria-Governo-Presidente!! Aliás, sempre mui bem apoiada pela hierarquia da Igreja Católica Portuguesa.
As instâncias europeias são lentas de um modo intencional, de molde a tentar parar a vinda de refugiados, sendo que uma boa imensidão deles acabará por falecer ao longo do inverno que se aproxima. É conveniente que Rui Marques nunca esqueça o que se passou com os campos de concentração nazis, conhecidos do Ocidente e da Igreja Católica, mas a que ninguém ligou. A história, embora com envolventes distintas, repete-se. Está agora a repetir-se.