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|Tânia Rei| |
Ora, isto funcionaria mais ou menos assim: imaginem que estão a ter um dia horrível, daqueles em que só nos apetece ir para Marte, para nunca mais voltar. O nosso smartphone, através da dita aplicação, iria percepcionar o estado de humor, e uma luzinha vermelha acenderia um computador de um call center:
Trimmm, Trimmm “Estou?” – atendem com voz chorosa.
“Olá, daqui fala a Raquel. Está tudo bem?” (voz coloquial e impecável)
“Sim… Tudo óptimo…”
“Vá, a mim não precisa de mentir, Mariana. Quer falar sobre isso?”
“Oh, Raquel, estou mesmo deprimida hoje!”
“Hum hum. Estamos neste momento a enviar uma caixa de chocolates para sua casa, Mariana. Mas, conte mais o que se passa consigo?”
Bem, e seria mais ou menos isto. Alguém nos liga, e nos mima, e ouve as nossas mágoas. Funcionaria para tudo que se possa imaginar!
“Fui despedida.”
“Não se apoquente, Mariana. Estamos já a enviar currículos para outras empresas. Vá lá, anime-se, amiga!”
Ou…
“Acabámos tudo. Desta é de vez!”
“Hum, ok (som de alguém a teclar apressadamente). Já alterámos o seu estado civil no Facebook e apagámos todas as fotos em comum. Neste momento os nossos técnicos estão a providenciar uma frase bem lamechas, de um escritor famoso qualquer, para colocarmos no seu status e anunciar ao mundo o quanto está triste, mas confiante no futuro.”
E…
“Queria tanto sair hoje! Estou farta de ver casais aos beijos, e eu sem ninguém.”
“Certamente, Mariana (som de teclas novamente). O Roberto passa hoje em sua casa às 20h. Prefere massa ou japonês?”
Hoje era só isto.
Para quem está farto de sentir como um simples humano, deveria de haver uma solução electrónica, disponível na Play Store.