O género é essencial

|Hélio Bernardo Lopes|
No meio da balbúrdia nacional – por acaso, também mundial – foi com gosto grande que tomei conhecimento de que também Ban Ki-moon entende que será agora o momento de escolher para seu sucessor uma mulher, no lugar de um homem.

Em teoria, como se tem sempre de aceitar, existem mulheres e homens competentes para o desempenho de uma tal função. E falta razão suficiente para se admitir que não seja esta a realidade.

Acontece, porém, que não é a ausência de uma mulher naquela função que determina as limitações que as Nações Unidas desde sempre apresentaram. Quem determina o quê no mundo são os Estados Unidos, como sempre teve lugar desde que a organização surgiu. Até porque basta deixar de contribuir monetariamente com a sua parcela para que tudo fique parado e sem vencimento.

Acontece, porém, que a presença de uma mulher como líder das Nações Unidas poderia até vir a gerar piores resultados para a generalidade do mundo. Uma realidade que bem poderia vir a ter lugar se Hillary Clinton vier a ser eleita para a Casa Branca. Só não consigo ainda perceber até onde se chegaria com tal potencial cumplicidade de género.

Nada tenho – nunca tive – contra a presença de mulheres em qualquer posto, sendo que elas, tal como os homens, podem ser excecionais ou péssimos. Mas aceito, embora admitindo cambiantes, a regra democrática da escolha dos líderes políticos. De molde que é essencial ter em conta vários aspetos que se posicionam no momento presente.

Em primeiro lugar, avizinha-se um conflito completamente novo: sendo mundial, será o primeiro a utilizar, de um modo vasto, armas nucleares e tecnologia similar.

Em segundo lugar, necessitando os Estados Unidos de alguém que possa dividir a (para eles) perigosa parceria entre Rússia, Índia e China, talvez houvesse a vantagem de escolher uma personalidade indiana para suceder a Ban Ki-moon. Porventura, sul-americana, ou uma com origem na Europa de Leste, saída do antigo Pacto de Varsóvia.

E, por fim, esta ideia de Ban Ki-moon terá também de ser entendida – é o que se dá comigo – como uma espécie de informação simpática a António Guterres, sem dúvida uma personalidade de grande competência, mas um humanista convicto e de profunda formação católica. Talvez por tudo isto não seja a melhor cartada para os interesses estratégicos dos Estados Unidos, à beira de se lançarem numa guerra preventiva nuclear. Vamos esperar.

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