Muito bem, Mister Trump

|Hélio Bernardo Lopes|
Data já do tempo soviético a preferência dos líderes comunistas por republicanos norte-americanos, em vez dos aparentemente mais democráticos democratas. E a razão era simples: cada um conhecia bem o pensamento do outro, ao invés de por ali andar a tergiversar, procurando dar um ar do que nunca havia sido.

Talvez por acaso, foi sempre no tempo democrata que se iniciaram os grandes conflitos envolvendo os Estados Unidos, como se deu com a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, mas também com a Guerra do Vietname, ou com o vergonhoso ataque da Baía dos Porcos. E mesmo agora, com o Nobel da Paz, Barack Obama, os Estados Unidos acabaram por atirar o mundo, mormente a Europa, para a lamentável situação que se vive na Ucrânia, deixando que as coisas nas zonas árabe ou do Islão tenham chegado ao estado que se conhece. E tudo sempre com a garantida ausência de cumprimento das decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas em torno da Nação Palestiniana.

Por tudo isto, e pelo muito mais que conheço e se sabe, não me causaram estranheza as palavras do destemperado Donald Trump, agora a ser mostrado por todo o mundo, através da mão democrata de Washington, com fotografias que de si procuram dar um ar esquizofrénico. Mas uma coisa é ser um destemperado, não sendo esquizofrénico, outra se o que diz está certo. E a verdade é que está mesmo.

Diz agora Donald Trump que muitos países detestam os Estados Unidos, porque estes são como um grande desordeiro que perde o tempo todo. Bom, é a realidade conhecida de todos, desde que se determinem a olhar a política norte-americana com seriedade e liberdade.

Simplesmente, Trump foi ainda mais longe, salientando que o que acontece nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia é absurdo, mas que o maior aborrecimento destes consiste em que o país tem relações tensas com todos os outros membros da comunidade internacional. Mas quem é que não reconhece uma tal realidade?! Só gente muito subalterna em face do poderio norte-americano...

Por fim, Donald Trump até reconhece o que escrevi aqui logo ao início: eu até podia dar-me bem com o presidente russo, porque fiz um grande evento em Moscovo há uns dois anos, não duvidando de que teria boas relações com Vladimir Putin.

Mostram estas palavras, no mínimo, três coisas. Por um lado, Putin é alguém simpático e com quem se pode dialogar, para usar uma expressão que ficou célebre na política portuguesa. Depois, que a posição dos Estados Unidos no mundo é a de uma entidade de quem se não gosta, apesar de sempre usada por todos. E, por fim, o tal dado inicial: sem o cinismo muito típico dos democratas norte-americanos, sempre os republicanos acabam por linearizar as relações internacionais com os seus principais colegas do topo da política mundial.

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