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|Hélio Bernardo Lopes| |
Em contrapartida, e como tenho salientado desde há muito, PSD e CDS/PP não vivem em Marte, pelo que, quase com total certeza, apenas apresentarão um candidato presidencial, e logo na primeira volta das eleições. Objetivamente, não vivem em Marte.
Isto mesmo se pode depreender das notícias de alguns jornais de hoje, e que é uma realidade desde cedo imposta por Marcelo Rebelo de Sousa e logo aceite por Pedro Santana Lopes. Sobram agora Rui Rio e, talvez, Alberto João. Simplesmente, nestas coisas o PSD não costuma pensar em viagens a Marte, para o que basta lembrar os casos de Adriano Jordão e de António Capucho.
Com o PS e os partidos de esquerda a realidade é a inversa, bastando lembrar os anteriores dois atos eleitorais para o Presidente da República, mas também o que conduziu Mário Soares ao exercício destas funções. Além do mais, temos já o inenarrável espetáculo que se vai podendo ver, agora que Maria de Belém se determinou a também concorrer, para mais quando já existia um candidato ganhador nas áreas do PS e da esquerda mais geral. E se a tudo isto adicionarmos a recente entrevista de João Semedo ao i, bem como o anúncio de ontem do PCP, bom temos um fantástico e suicida ramo de flores murchas, com uma viçosa lá pelo meio. E ainda não vimos tudo...
Ora, alguns jornais de hoje completam o que já se poderia perceber e eu mesmo apontei a tempo e horas. Por um lado, surge um aviso do PSD a Rui Rio, dado que este nunca poderia ganhar a corrida presidencial. Por outro, exige-se o silêncio até ao fim das legislativas. Como Pedro Santana Lopes não se candidatará e dado que Alberto João, naturalmente, não quer ver-se atingido na sua carreira política – a coragem não chega a tanto e, neste domínio, PSD e CDS/PP não são o PS ou a esquerda, onde vale tudo –, nada como esperar pelo final das próximas eleições, altura em que PSD e CDS/PP anunciarão o seu único candidato: Marcelo Rebelo de Sousa. Embora até pudessem conseguir melhor, como também já escrevi, e que seria apoiar Maria de Belém.
O que estas notícias de hoje mostram é, afinal, o que eu sempre disse e facilmente se poderia prever: PSD e CDS/PP, neste domínio da conquista do poder, não vivem Marte. Nem estão preocupados com aquela resposta de Maria de Belém a Mário Crespo, no Jornal das 9: se o PS vier a governar, ao menos no domínio o regime contributivo, o PS reporá os valores que são devidos. É verdade que era o tempo político de António José Seguro, mas a tragédia dos reformados, que foi colocada pelo entrevistador, continua a ser a mesma. Até já têm, por parte do atual Governo, a garantia de mais um corte de seiscentos milhões nas suas pensões.
Não deixa de ser engraçado assistir à corrida de americanos, chineses e russos à ocupação de Marte, quando a nossa classe política, do PS à esquerda, já vive completamente em Marte. Aqui tem o leitor mais uma das razões da vitória de Salazar no concurso d’O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE. É que Salazar dizia saber o que queria e para onde ia, mas o PS e a nossa esquerda só querem o poder se for o verdadeiro, o legítimo, coisa que só se consegue em Marte,...