|Hélio Bernardo Lopes| |
Admitindo que a entrevista tenha sido bastante visionada, dado ser já o académico conhecido da grande maioria dos portugueses, a verdade é que a mesma mostrou uma vastidão do pensamento de António Sampaio da Nóvoa perante a situação a que Portugal chegou, mas também em face do futuro possível que deve ser construído.
Foi uma entrevista deveras brilhante, tão amplamente diversificada quanto o entrevistador entendeu, e que nos permitiu conhecer o pensamento profundo e extremamente estruturado de António Sampaio da Nóvoa sobre o cargo a que se candidata: Presidente da República.
Uma das caraterísticas que ali se nos mostrou foi a da extrema honestidade intelectual e política de António Sampaio da Nóvoa. Incute, indiscutivelmente, a confiança que se requer de quem tenha de exercer o alto cargo de Presidente da República. Para mais, depois do estrondoso – e esperado – fracasso da intervenção pública do Presidente Cavaco Silva. António Sampaio da Nóvoa incute em quem o escuta a certeza da confiança que se espera do exercício das funções presidenciais.
Mas esta entrevista voltou a mostrar o que também já se conhecia: António Sampaio da Nóvoa dispõe de um conhecimento profundo da nossa vida institucional e política, e por igual de uma cultura verdadeiramente superior. Pôde ver-se ali uma cabalíssima ausência de indecisão, um fortíssimo e estruturado conjunto de conhecimentos e de ideias sobre e para Portugal, mas sempre com o pensamento humanista cristão que coloca o Amor de Deus por cada um de nós como fonte e razão de ser do dever de amar o próximo. Neste sentido, ele colocou a pessoa humana, com a sua dignidade transcendente, como o objetivo central do exercício da ação política.
Tudo isto, pois, é algo de completamente novo desde há cerca de uma década a esta parte. Como novo é colocar a independência de Portugal acima de todos os interesses que possam ser dimanados de instâncias estrangeiras. Sendo os portugueses os detentores primeiros da nossa soberania, eles devem ser auscultados sempre que estejam em causa perdas de soberania. É uma atitude completamente inovadora na política portuguesa. Enfim, uma mui brilhante intervenção de António Sampaio da Nóvoa. Mais uma.