|Hélio Bernardo Lopes| |
Claro está que uma coisa é um estudo, mesmo que corretíssimo, outra a conclusão de um tribunal, ainda que completamente errada. Um dado é certo: desta vez, para lá dos partidos e da Maçonaria, o estudo foca também a existência de grupos católicos.
Como se sabe, fartei-me de escrever sobre o facto anómalo de só o olho que vê a Maçonaria dar sinal de si, porque teriam também de existir grupos ligados ao ambiente religioso mais presente no País. Citei, até, os casos da Opus Dei e da Rosa Cruz. Simplesmente, interesses inconfessáveis, a moda do tempo e o medo do desemprego fizeram com que só se falasse da Maçonaria. Por acaso, até de um modo duplamente errado: porque não existe uma Maçonaria, antes lojas maçónicas; e porque existem grupos de interesses organizados ao nível religioso. Entre muitos outros. Simplesmente, estes nunca eram referidos: seriam uma verdadeira santidade, ao lado dos diabinhos da Maçonaria.
Perante o estudo em causa, com as suas conclusões, que vão agora fazer as nossas mais diversas autoridades? Obviamente que não irão perseguir os partidos – o relatório usa a forma plural –, nem é de acreditar que se vão pôr a procurar quem são os membros desses tais grupos católicos.
Portanto, resta a tal Maçonaria. E se os católicos são, de um modo muito geral, conservadores e de direita, os mações vêm mais da histórica esquerda, embora estejam hoje muito uniformemente espalhados. Portanto, o que acaba por sobressair deste relatório como ónus não é a direita. Mas será a esquerda, comunista ou bloquista? Claro que não! Ao nível essencialmente subliminar, quem se vê atingido acabam por ser os ditos socialistas democráticos.
O grande interesse deste relatório é reconhecer uma evidência sempre escondida: existem grupos católicos ligados ao tráfico de influências. Mas isso sempre se soube. Fossem católicos ou outros. O problema é que aos católicos nada irá acontecer, seja o nível o que for. E como aos partidos também não, restam os mações.