Os acordos de Rui Rio

|Hélio Bernardo Lopes|
Foi com um sorriso de certo cinismo que ontem li algumas declarações de Rui Rio, num encontro sobre certa temática e que juntou uma diversidade vasta de concidadãos da atual direita, mesmo que formalmente exteriores ao PSD e ao CDS/PP. Uma vítima, este nosso Rui Rio. Um desses nossos concidadãos foi, precisamente, Rui Rio.

Em primeiro lugar, fiquei um pouco perplexo com aquela postura vitimizada de Rui Rio, salientando que estas notícias a respeito da sua hipotética candidatura servem fins de outros, o que achei verdadeiramente espantoso, tal como a SIC Notícias, que logo ontem explicou que só se movimenta com base em informações que toma por seguras. E ele que nem deseja, seja do modo que for, suceder a Aníbal Cavaco Silva... Uma vítima!

E, em segundo lugar, a sua afirmação de que era bom que houvesse acordos de governação nacional para o Sistema Educativo, para a Segurança Social e para o quadro orçamental. De molde que logo me ocorreu: onde é que eu já ouvi isto?... Mas logo me ocorreu: já sei, foi à atual Maioria-Governo-Presidente!

Em todo o caso, fiquei admirado com o modo aparentemente simples, mesmo linear, com que Rui Rio nos expõe esta ideia, dado que qualquer português com um mínimo de conhecimento da História da III República Portuguesa sabe perfeitamente que um acordo com a direita é um suicídio. Se o mesmo coincidir com os interesses da direita atual, pois, a esquerda e os portugueses saem completamente a perder. Se, por hipótese, tal acordo fosse operado através de cedências mútuas, bastaria uma nova maioria da atual direita para que o antes acordado fosse parar ao cesto das velharias. De molde que termino este tema com esta pergunta: o que nos diz Rui Rio sobre a TAP?

Simplesmente, também ontem nos surgiram algumas considerações de António Ramalho Eanes, e que entendo dever aqui expor e criticar. Diz o antigo Presidente da República que, entre as várias coisas que nos cabe exigir nas próximas eleições, há duas que entende fundamentais, e que são a exigência de que os políticos cumpram as promessas, dizendo-nos antes como e onde vão arranjar meios para as executar. Mas como conseguem os portugueses materializar tais exigências? De que meios dispõem? Pois, não é verdade que o atual Governo fez tudo ao contrário do que garantira?! E não é igualmente verdadeiro que personalidades destacadas da área económica assumem atitudes antagónicas sobre um mesmo tema ou documento? Portanto, em que se fica?

Por fim, esta sua máxima, já muito antiga: em democracia, quem domina sempre, porque é soberano, é o povo. Mas como se pode realizar tal realidade, se os portugueses deram sucessivas provas de querer ver pelas costas o atual Governo, sem que tenham conseguido atingir tal objetivo? Como pode a soberania residir no povo, se as perdas da nossa soberania nunca foram sufragadas pelo povo?!

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