Já é difícil não perceber o que se passa

|Hélio Bernardo Lopes|
A evolução do caso FIFA, em minha opinião, já não oferece dificuldade de interpretação: a corrupção, que era ali mato, era também conhecida desde há décadas, e os Estados Unidos aproveitaram agora essa realidade para tentarem impedir os Mundiais da Rússia e do Qatar. 

Já expliquei as razões destes objetivos estratégicos dos Estados Unidos. Tudo o mais, no meu entendimento, é falar por falar, ou até por simples medo de perder o lugar de trabalho, porventura, também para dar um ar de graça a quem a não tem.

Depois de se ter criado hoje um falso alarme de bomba, não ficarei admirado se, vindo Blatter a ser reeleito, os Estados Unidos consiguirem encontrar alguém que esteja na disposição de dizer que tudo era ordenado e supervisionado por Blatter. Basta acompanhar os filmes, as séries televisivas ou o que se contém nos livros. Como usa dizer-se, pode ler-se nas estrelas...

Contrariamente ao que os nossos fracos jornalistas e comentadores agora dizem, foram mesmo alguns deles que em tempos revelaram que em certo Europeu de Futebol de Seleções se eliminou uma equipa do Leste, de molde a que estivesse presente uma outra, europeia ocidental, que faria encher os estádios de um modo descomunal, dada a massa dos seus emigrantes nos países da Europa Central e do Norte.

A este propósito, cito aqui os comentários de ontem de David Borges, no Opinião Pública da tarde, onde muito bem referiu que a realidade ora vinda a público, e desde sempre sabida, não terá fim. Na sua opinião – e na minha –, a corrupção, para lá da natureza humana, está neste caso muito favorecida pelos milhares de milhões que correm por estes ambientes. É como o caso do Porto Kopke, quando está à vista: não há ninguém que resista.

Ora, quem é a alternativa a Blatter? Pois, um príncipe jordano, de quem se diz ser descendente do Profeta. Bom, para os Estados Unidos seria ouro sobre azul, dada a política de subordinação de sempre da Jordânia aos interesses estratégicos dos Estados Unidos. Basta recordar, por exemplo, o funeral do Rei Hussein, que teve a presença, ao que recordo, do presidente e de quatro ex-presidentes dos Estados Unidos, para lá de toda a elite política do interesseiro Ocidente. O Estado da Palestina, entretanto, está a reduzir-se, até vir um dia a deixar de poder nascer. O Direito Internacional Público em movimento...

Se este príncipe viesse a suceder a Blatter, nós passaríamos a ter a Rússia sistematicamente eliminada através de árbitros adequadamente industriados, teríamos o fim do Mundial na Rússia, de pronto nascendo um outro na Ucrânia – e como eles estão necessitados de bola…–, e mil e uma prebendas dadas ao futebol norte-americano, para lá da natural e eterna corrupção de sempre.

Não é preciso ser líder da Rússia, ou do que quer que seja, para perceber a razão de David Borges, ao referir que o Governo Britânico estabeleceu com a FIFA, para lá do caderno de encargos, cláusulas secretas, insuscetíveis de poderem ser apreciadas pelas autoridades que têm por incumbência fiscalizar o exercício do Governo Britânico.

Ficamos agora à espera de tomar conhecimento do que se passou nas confederações, em muitas federações e ligas, em desafios essenciais e polémicos, no ambiente olímpico, no ciclismo, no atletismo, etc.. Sim, porque a corrupção, para mais com globalização e neoliberalismo, é como a Bélarte: está em toda a parte.

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