|Hélio Bernardo Lopes| |
Com frequência anual, os relatórios da Secretaria de Estados dos Estados Unidos indicavam Portugal como a principal porta de entrada de estupefacientes na Europa, oriundos do subcontinente americano.
Simplesmente, sempre que se passava por este tema, de pronto Moita Flores respondia com o seu sotaque alentejano: nã há provas. A verdade, porém, é que havia. Essas provas eram as oriundas da Geografia: olhando para uma representação esférica da Terra, facilmente se percebe que Portugal tem de ser a tal porta. Precisamente o que, muitos anos depois, José Brás acabou por explicar, salientando que um simples olhar para um qualquer globo terrestre era mais que suficiente para explicar a realidade sucessivamente exposta nos relatórios da Secretaria de Estado dos Estados Unidos.
Pois, ontem mesmo, eis que a Greenpeace e a Quercus alertaram para importações irregulares da madeira oriunda da República Democrática do Congo.
Nos termos deste alerta, Portugal é a segunda maior porta de entrada no mercado internacional de madeiras de explorações duvidosas ou alegadamente ilegais da República Democrática do Congo. Um alerta que resultou de um estudo de dois anos sobre o tema em causa.
A verdade é que até já Barack Obama parece andar preocupado com a sustentabilidade da Terra. E não deixa de ser estranho que, escutando tudo e todos por todo o mundo, os Estados Unidos não se determinem a combater a destruição veloz dos mais diversos ecossistemas do Planeta. É, no fundo, o preço que viremos a pagar pela ganância do grande capital e por se ter deixado que a política portuguesa e a europeia tenham atingido a cegueira judiciária que se vai vendo a cada dia que passa. A verdade é que a realidade tem muita força.