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|Hélio Bernardo Lopes| |
Hoje, já com tantos anos passados sobre a nossa adesão à Europa, nós já percebemos o desastre em que a mesma se tornou. Temos vindo a conhecer, a ferro e a fogo, as terríveis consequências de nos termos ido meter na tristemente célebre União Europeia de hoje e de até termos prescindido do nosso orgulhoso escudo. Aliás, temos vindo a vender a riqueza nacional a pataco, como agora se está a ver com a TAP.
A este propósito, volto a instar os leitores, desde que assim entendam por bem, a ler a obra de Jean Ziegler, OS NOVOS DONOS DO MUNDO, editada entre nós há já uns anos, mas cujo compreensão plena pode hoje ser muitíssimo melhor apreendida. Quem ler esta obra, lá encontrará o caso português destes dias e como ao mesmo se chegou. Uma obra a não perder.
Ao mesmo tempo, e porque agora me foi ofertada, encontro-me a ler ARMAS, GERMES E AÇO, de Jared Diamond, surgida entre nós neste passado fevereiro. Sendo completamente distinta da primeira, tem com ela importantes pontos de contacto. E um deles refere-se ao facto de ter sido a Europa, quase desde sempre, um espaço multiplamente povoado – tornou-se, com o tempo, multinacional –, onde os conflitos estiveram sempre presentes, por aí aguçando o engenho e a arte.
Hoje, já com uma certeza quase plena, percebe-se que a marca nacional dos Estados europeus não irá desaparecer – é o lógico – e que, por isso mesmo, a solidariedade europeia pouco mais é que uma palavra bonita, mas cada dia mais desacreditada. Uma palavra vã, cada dia mais utilizada pelos cínicos e hipócritas da política.
Produzi todo este palavreado por via da recente notícia de que, afinal, os serviços secretos federais alemães – o BND – terão ajudado a NSA a espiar o construtor europeu do Airbus. Em todo o caso, não há aqui muito que possa ser considerado como novidade, ou coisa inesperada. Por um lado, pelo espólio posterior à II Grande Guerra, e, por outro lado, por via do que foi tendo lugar durante a dita Guerra Fria, a secreta alemã, primeiro que tudo, trabalha parra os Estados Unidos, e não para a Alemanha ou para a União Europeia.
Em todo o caso, uma colaboração traiçoeira que durou mais de uma década, o que já é obra. E uma colaboração de espionagem que atingiu uma diversidade grande de empresas. Aliados europeus... Por fim, realmente o melhor: a BND também ajudou a NSA a espiar os serviços da presidência francesa, o ministério francês dos negócios estrangeiros e a Comissão Europeia. Como pode o leitor ver, aliados de sempre, permanentemente com os olhos postos em Vladimir Putin...