Um dia pouco brilhante

|Hélio Bernardo Lopes|
Na noite televisiva de ontem fui encontrar Eurico Brilhante Dias no Frente-a-Frente da SIC Notícias. E, como teria de dar-se, lá surgiu o caso da hipotética candidatura do académico António Sampaio da Nóvoa. 

Infelizmente, a conversa, por parte de Brilhante Dias, mostrou que se encontrava num dia pouco brilhante. É difícil dizer tanto disparate político em tão poucos minutos.

O socialista democrático, não conseguindo negar a qualidade académica e intelectual de António Sampaio da Nóvoa – dois doutoramentos sempre é mais que um só –, apontou as razões adotadas no último congresso do PS para o perfil – é o momento de rirmos...– do próximo Presidente da República. E salientou que António Guterres se encaixava plenamente em tal perfil.

Aconteceu, porém, o que já todos conhecem: António Guterres nem quis pensar em eleições presidenciais em Portugal. Mesmo sabendo todos nós que nunca virá a ser o próximo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. E hoje, como facilmente a generalidade dos portugueses percebeu já bem, o PS não dispõe de ninguém com condições para vir a ser eleito Presidente da República.

Sem um infinitésimo de espanto, eis que Eurico Brilhante Dias, num seu dia sem brilhantismo, nos apontou diversos nomes de correligionários seus – disse até que existem outros!! – que se encaixariam no tal perfil adotado no congresso do PS: Maria de Belém, Jaime Gama, António Vitorino e Luís Amado.

Acontece, porém, que existem estes socialistas democráticos, citados por Eurico Brilhante Dias em dia sem brilhantismo, mas existem também os portugueses eleitores. E todos eles sabem muitíssimo bem que nenhum dos nomes referidos por Eurico estará a salvo de uma fantástica tareia eleitoral. Segundo estimativa simples de operar, o seu resultado oscilaria entre os vinte e cinco e os trinta e cinco por cento. Para já não referir a enormíssima abstenção, ou mesmo o surgimento de mais candidatos à esquerda. Sim, porque à direita será um só.

Eurico, porventura, pensando pela sua própria cabeça, achará que Sérgio Sousa Pinto é uma sumidade em termos de análise política, coisa que não se dará com Mário Soares. E porque não Vital Moreira, esse antissalazarista, depois comunista, a seguir socialista democrático e hoje neoliberal? Não seria este um candidato repleto de experiência política?

Por fim, um dado novo: esta eleição presidencial, agora que nos surgiu António Sampaio da Nóvoa, acabou por mostrar que Mário Soares, afinal, tinha a mais cabal razão quando apontou António José Seguro como alguém que estava a aproximar-se da atual Maioria-Governo-Presidente. Agora já tudo é claro...

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