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|Hélio Bernardo Lopes| |
A esta realidade, cada dia mais evidente e mais forte, surgiu, no final da passada semana, essa outra proposta de Carlos Silva, líder da UGT, defendendo um grande entendimento entre PS, PSD e CDS. Um excecional resumo, pois, do que se poderá vir a esperar do PS. No fundo, a verdadeira razão que terá determinado o cabal silêncio de António Guterres. E, de facto, para uma tal iniciativa serve muitíssimo bem a candidatura anunciadamente derrotada de Henrique Neto.
De resto, Carlos Silva, tal como Henrique Neto, vai mesmo mais longe, pedindo um pacto para uma década. Um pacto que, para assim ser possível, teria de centrar-se nos resultados já conseguidos pela atual Maioria-Governo-Presidente. Sobraria a intervenção ao nível europeu, destinada a pouco conseguir, mas também a tentativa de operar um razoável crescimento, embora se perceba que a distribuição da riqueza assim hipoteticamente conseguida nunca chegaria. E quanto ao Estado Social, bom, teria aí de ceder o PS...
Com a metodologia agora anunciada, o que o PS acabará por criar são condições de aparente compreensão para com a irreversibilidade da destruição do Estado Social. Dir-se-á, naturalmente, que tal ideia será proveniente das contribuições da tal intervenção dos cidadãos, operada por via online. Simplesmente, e como se percebe bem, o que lá se coloca é incontrolável...
Os partidos são uma estrutura essencial ao funcionamento da democracia, e têm o dever de possuir um referencial de valores e de conhecer os anseios das pessoas. E estes são de há muito conhecidos: devolução dos montantes retirados a salários e pensões, e defesa intransigente do Estado Social, tal como a natureza das coisas sempre determinou com grande êxito entre nós. Se o PS, de facto, anseia por governar, é muito simples saber o que fazer, sem precisar de aliar-se ao PSD e ao CDS/PP, como Carlos Silva veio agora defender. Ou seja: Marcelo, afinal, parece possuir toda a razão.