![]() |
| |Hélio Bernardo Lopes| |
Em primeiro lugar, tudo está muito mal, sendo que somos um país muito frágil. Depois de dizer que a grande parte da nossa classe política parece saber de tudo, Eduardo apareceu a opinar sobre tudo. Tudo naturalmente mal, embora sem indicar, com certeza, o que deve vir a mudar-se e como, apenas com indicações do que talvez possa vir a mudar-se.
Trata-se do discurso típico dos designados intelectuais portugueses: quase tudo está mal, a classe política não é formada pelos melhores – é o caso de Guterres que, afinal, se pôs de lado em face do desejo dos portugueses de o verem como Presidente da República – e quase tudo deve ser mudado, embora se não diga nunca como fazê-lo.
Em segundo lugar, aquele seu desconhecimento sobre a decisão futura de António Guterres, embora tome como quase certo que o antigo Primeiro-Ministro se não candidatará ao Presidente da República. Bom, caro leitor, fiquei verdadeiramente perplexo com esta declaração, dado que Eduardo Marçal Grilo é albicastrense, tal como Guterres, foi seu ministro, e porque, sendo administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, é exatamente para aqui que António Guterres deverá vir, logo que deixadas suas atuais funções de Alto Comissário das Nações Unidas Para os Refugiados. Haverá de compreender-se que é obra.
E, em terceiro lugar, os candidatos presidenciais. A parte mais risível foi quando apontou António Vitorino como um candidato de peso, muito bem preparado, e capaz – é o que se pressupõe – e de disputar o lugar de Presidente da República! Bom, caro leitor, quem é que consegue ter uma dúvida infinitésima sobre que Vitorino sofrerá uma derrota copiosa? Quem?!
Por estas três razões – no mínimo –, esta entrevista de Eduardo Marçal Grilo foi deveras engraçada e ajudou a preparar esse outro momento de grande graça, que foi O EIXO DO MAL, surgido logo de seguida. Mas esta entrevista mostrou até onde se pode contar em Portugal com os ditos intelectuais: limitam-se a criticar tudo e todos, tudo sempre mal e a precisar de mudança – e para o quê? –, mas sem nunca indicarem o que quer que seja. Pior, só António Barreto e Henrique Medina Carreira. Enfim, foi um tempo de boa graça.
