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|Hélio Bernardo Lopes| |
Dizia num dia destes um senhor, em pleno comboio metropolitano de Lisboa, que parecia vir da manifestação em frente ao Novo Banco, a propósito dos dinheiros que em má hora depositou no BES, que onde há banco, há crime. Talvez tivesse razão.
Ainda assim e partindo desta hipótese como pessimista, a verdade é que nem tudo se resume à banca. Aí estão já as autoridades judiciárias suíças e francesas a tratarem do tema em causa, quando por cá ainda nem se vislumbra um mínimo do resultado final dos casos BES/GES, BPP ou BPN. E mesmo no caso BCP, a verdade é que lá voltou a surgir a já histórica marca lusitana da prescrição.
Mais interessante foi a locução de um dos nossos canais televisivos, ao referir que a Procuradoria-Geral da República está já a acompanhar estes casos mais recentes. Bom, caro leitor, dei uma risada sonora e sincera, certo de que tudo está a ser acompanhado pelas autoridades competentes. De molde que perguntei aos que comigo se encontravam a almoçar: dos seiscentos e onze portugueses em causa, quantos serão levados a juízo? Pois, caro leitor, ninguém respondeu, chegando um dos presentes a olhar-me por sobre os óculos...
Mas mais interessante ainda é constatar que raros são os canais televisivos portugueses que se resolvem a trazer aos portugueses bons documentários sobre a grande criminalidade organizada transnacional operada através de grandes e importantes bancos da praça mundial.
Não param de trazer as inconsequentes declarações do Papa Francisco, mas nada fazem de capaz sobre uma das piores chagas do modelo político-económico-financeiro das sociedades atuais, liderado pelos Estados Unidos, de pronto seguidos pela Alemanha, já comandando de novo a França, Aqui tem o leitor uma das razões para que nunca se tenha feito uma luz de verdade sobre o homicídio de Humberto Delgado.
Entre nós, depois de se ter inventado que foi a PIDE em conjunto com o PCP – haverá quem tenha acreditado? –, raros foram capazes de ir ao fundo da verdade e de apontar as fortíssimas ligações homotéticas com outros tempos bem mais posteriores. Os próprios jornalistas evitam perguntas cruciais sobre o tema, tal como fogem dos programas realmente esclarecedores do papel da banca no mundo do crime organizado transnacional. Cá ficamos, pois, à espera das conclusões das autoridades portuguesas...