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Manchas-solares
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Saiba o leitor que há 20 anos foi descoberta a presença de moléculas de água, no estado de vapor, na fotosfera do Sol, mas precisamente nas regiões das manchas solares, locais em que a temperatura é mais baixa: só cerca de 3000 graus Celsius! (a temperatura da fotosfera solar é no mínimo de 6000 graus Celsius). Apesar de haver água no Sol, tanto quanto sabemos a vida não é possível neste astro devido às elevadas temperaturas que apresenta.
A presença de água nestes astros foi descoberta pela análise do espectro da luz emitida pelas suas fotosferas na região do infravermelho. O espectro é aquilo que resulta da decomposição da luz nos diversos componentes ondulatórios que a compõem. O espectro visível da luz solar foi pela primeira vez estudado na notável experiência de decomposição da luz realizada pelo físico inglês Isaac Newton, em 1666, em que mostrou que a luz branca se pode decompor num conjunto de luzes de várias cores. Newton explicou assim a natureza do arco-íris. Mas também abriu portas para a ciência que se lhe seguiu.
Em 1814, o alemão Joseph von Fraunhofer repetiu a experiência de Newton, mas usando um novo instrumento, o espectroscópio, que inventou. Com ele descobriu que a banda de cores que ia do violeta ao vermelho, na luz solar decomposta, apresentava finas riscas negras e verticais.
Mais tarde, em 1859, os também alemães Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff mostraram que cada elemento químico produzia riscas especificas perfeitamente definidas e localizadas no espectro luminoso. Foi assim descoberto um dos mais potentes instrumentos para o conhecimento da natureza dos astros que irradiam luz (própria ou reflectida), a espectroscopia. Passou a ser possível conhecer a composição elementar e molecular das estrelas sem precisarmos de ir até elas. A espectroscopia tornou-se assim uma ferramenta poderosa para conhecermos a natureza do Universo.
António Piedade
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
