Olhemos a Homotetia grega

|Hélio Bernardo Lopes|
O estado a que chegou a política no seio da União Europeia é já, de um modo indiscutível, o de uma autêntica batota. Olhando o que se tem vindo a passar ao redor das próximas eleições gregas, por rápido se percebe que é esta a realidade. 

E uma das realidades que facilmente se percebe é o cabal desmoronamento do funcionamento da democracia grega e da independência da própria soberania do país. Uma vergonha!

Não deixa de ser verdadeiramente espantoso que a Alemanha, depois de ter criado duas guerras ao Mundo, e depois de praticar o inimaginável Holocausto sobre judeus, ciganos, ortodoxos, comunistas, socialistas e muitos outros e por Estados os mais variados, ainda se tenha visto perdoada em face das dívidas de guerra que lhe haviam sido justamente impostas.

Depois do sacrifício humano indiscritível, provocado pelos alemães, foram estes ainda perdoados nas suas dívidas pela comunidade internacional. Uma das vítimas deste perdão foi, precisamente, a Grécia.

Simplesmente, a direita grega já não tem um ínfimo de moral e de ética política, pelo que é agora possível assistir às mil e uma novas promessa de Samaras, assegurando – ria-se agora, leitor – que tudo irá ser diferente e que tudo irá conceder aos gregos, depois de lhes ter feito precisamente o contrário ao longo dos anos. E quem diz direita, diz o velho e moribundo PASOK, que recusou o referendo que havia sido sugerido por Papandreu. Mais uma vergonha!

Os alemães, que mandam hoje na União Europeia, de pronto vieram a terreiro ameaçar os eleitores gregos, assegurando que tudo lhes seria retirado se o SIRIZA viesse a vencer as eleições que se aproximam. Simplesmente, foi grande a reação dos povos europeus contra uma tal ingerência na vida interna da Grécia, e que mostra já, de um modo claro, que as eleições democráticas são hoje um incómodo para os alemães e mesmo para a generalidade dos Estados do centro e do norte da União Europeia. Machete – esse ministro português que ficará na História da Diplomacia em Portugal – garantiu mesmo que a saída da Grécia da Europa ou do Euro não nos afetará infinitesimalmente.

É a melhor manifestação de solidariedade política da atual Maioria-Governo-Presidente perante o homicídio da democracia grega sob o comando dos interesses alemães. Que abismo, perante Franco Nogueira, Ruy Patrício ou Salazar – este durante a última guerra mundial, causada, precisamente, pela Alemanha!

Um pouco em ziguezague, sem realmente saber bem o que fazer, a Comissão Europeia diz agora que vai propor um novo alargamento do prazo para fechar o programa de ajustamento na Grécia. Simplesmente fantástico, tal é a capacidade de manobrar a palavra e as ideias e de dizer hoje o que se recusara e vai continuar a recusar.

Com tudo isto que está hoje a passar-se na Grécia, o leitor pode facilmente dar-se conta de que está perante uma homotetia do que vai tendo lugar em Portugal. Está agora apetrechado para poder compreender tudo quanto vai sendo apregoado pela atual Maioria-Governo-Presidente, sendo simples compreender o pânico em ziguezague do atual poder em Portugal perante uma vitória, mais que certa, do PS de António Costa. Restam apenas os portugueses...

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