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Orionte Grande |
Por exemplo, a constelação do Touro (conjunto de estrelas associado a este animal), já era conhecido pelo Homem de Cro-Magnon (há cerca de 30 000 anos como refere um documento da IAU-União Astronómica Internacional, acessível em http://www.iau.org/public/themes/constellations/).
O Escorpião e o Leão foram idealizados como constelações por volta de 4000 anos a.C., na Mesopotâmia (agora Iraque). Houve sucessivos acréscimos de constelações na Idade Média e os Descobrimentos também revelaram novos céus e a necessidade de aí sistematizar mais constelações.
A propósito de reformulações, e porque a Igreja Católica tinha muita força no século XVII, o astrónomo e advogado alemão Julius Schiller publicou em 1627 o seu "Coellum Stellatum Christianum", onde substituiu as figuras pagãs das constelações (que ainda hoje conhecemos) por figuras cristãs (Os leitores podem ver aqui o céu, temporariamente, cristianizado e também uma versão posterior, de 1661). Com isto, pretendia cristianizar o céu. Assim, a Cassiopeia passou a ser Maria Madalena, as 12 constelações do Zodíaco foram substituídas pelos 12 apóstolos e até Orionte passou a ser São José (Podemos ver aqui Orionte (Orion) trocado por São José).
A antiga constelação do Navio (Argo Navis) foi substituída pela Arca de Noé! Os hemisférios celestes foram ocupados por figuras do Antigo (a norte) e do Novo Testamento (a sul). Obviamente a ideia não pegou entre os astrónomos e tudo ficou como antes.
Os últimos acrescentos de constelações ao céu foram pela mão do astrónomo francês Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762), que entre 1750 e 1754 idealizou 14 novas constelações, essencialmente com nomes de instrumentos científicos e artísticos (por exemplo: Microscópio, Retículo, Telescópio, Buril, Compasso, Bússola).
Guilherme de Almeida © 2015
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Guilherme de Almeida (n. 1950) é licenciado em Física pela Faculdade de Ciências de Lisboa e foi professor desta disciplina, tendo incluído Astronomia na sua formação universitária. Proferiu mais de 80 de palestras sobre Astronomia, observações astronómicas e Física, publicou mais de 90 artigos e é formador certificado nestas matérias. Utiliza telescópios mas defende a primazia do conhecimento do céu a olho nu antes da utilização de instrumentos de observação. É autor de oito livros sobre Astronomia, observações astronómicas e Física. Algumas das suas obras também estão publicadas em inglês, castelhano e catalão. Mais informação em http://www.wook.pt/authors/detail/id/5235