Corações que balançam

|Hélio Bernardo Lopes|
Indiscutivelmente, a eleição para o Presidente da República está já a fazer o seu caminho. E já completamente fora de qualquer túnel que pudesse até aqui ter existido para a sua circulação: já quase tudo é visível. De molde que continuam a surgir as sondagens, com um conjunto de candidatos a candidatos que vai variando com o tempo do diz-se.

Há perto de uma semana surgiu a que deverá ter sido a mais recente sondagem. Nela nos surge Marcelo Rebelo de Sousa como o candidato mais forte da direita, mas sempre a perder, seja com Guterres ou com Vitorino, embora por margens pequenas. Em contrapartida, sempre como um amplo vencedor sobre Manuel Carvalho da Silva ou António Sampaio da Nóvoa.

Quanto a uma candidatura de Manuel Carvalho da Silva, e tal como venho referindo desde há muito, ela não tem um infinitésimo de condições ganhadoras, dado que não concita um ínfimo de adesão junto dos portugueses. O seu valor e as suas qualidades pessoais, diversas e muito elevadas, nunca foram razão para uma escolha. Manuel Carvalho da Silva, mais que não atrair, simplesmente repele.

Sobre António Sampaio da Nóvoa, o problema não é já de repelência, digamos assim, mas de completa indefinição: ele não é, nem deixa de ser, um candidato apontado com um mínimo de verosimilhança pelos diversos partidos da esquerda, apenas surgindo referido por parte da grande comunicação social. Em todo o caso, teria sempre muito maiores potencialidades que o antigo líder da CGTP.

A direita tem a vida muito facilitada, porque o seu candidato será o escolhido pelo PSD e pelo CDS/PP. No mínimo... Uma vez escolhido, nunca um outro qualquer candidato voltará a surgir nessa área. É uma direita que luta pelo poder e pelas suas vantagens e que vive já hoje apostada em pôr um fim na Constituição de 1976, no Sistema Político, no Estado Social, etc.. Sabe o que quer e para onde vai, não repetindo as tristes cenas do binómio Soares-Alegre.

Mas o mesmo não sucede com a dita esquerda, e tanto pelo lado do PS – não esqueçamos o lamentável binómio Soares-Alegre –, como pela usual e divisionista atitude do PCP, sempre a procurar afirmar-se com um candidato a nada. Simplesmente – é a minha opinião –, esta sondagem comporta uma realidade que é meramente aparente: a que coloca António Vitorino como vencedor sobre Marcelo Rebelo de Sousa. É um dado em que não acredito minimamente.

Acontece que a esquerda de hoje, tal como o PS, de há muito se mostraram aos portugueses como incapazes de gizar uma política que, objetivamente, vá ao encontro dos direitos mais essenciais dos portugueses, e se contemplam na Constituição da República, e se mostre corajosa no sentido de pôr um fim no descalabro para que fomos todos atirados pela atual Maioria-Governo-Presidente.

Chego a pensar que os seus dirigentes, talvez na sua maioria, já não acreditem nos valores em que, ao início, se suportaram os partidos em causa. Basta olhar o caso francês, com aquela fantástica ideia do (dito) socialista-democrático Manuel Valls de retirar a palavra Socialista do nome do seu partido.

Na eleição presidencial que se aproxima, só existem dois cenários: ou António Guterres se candidata e ganhará, ou, se o não fizer, ganhará o candidato da direita. A menos que Marcelo, se não for o escolhido, se determinasse a fazer o que se viu com o binómio Soares-Alegre. Simplesmente, a direita tem um objetivo bem definido, onde o valor do voto se fica por um mal necessário, porque não lhe atribui uma importância maior.

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