Coligação: Sim ou não?

|Hélio Bernardo Lopes|
À medida que os dias vão passando, vai-se tornando mais audível a temática de alguns comentadores dos nossos canais televisivos, em geral ligados ao PSD. É o caso de Marcelo Rebelo de Sousa e de Luís Marques Mendes, e quase nada o de António Bagão Félix. 

Provavelmente será por igual o caso de Henrique Medina Carreira. De um modo geral, trata-se de concidadãos interessados partidariamente no surgimento da atual coligação maioritária. Vejamos, então, o caso da referida coligação, e se se justifica continuar ou não.

A atual coligação surgiu por mero acaso, fruto da impossibilidade do PSD conseguir formar um Governo maioritário, mas conseguindo operá-lo através de uma coligação com o CDS/PP. Não fora tal, e num ápice PSD e CDS/PP se deitariam a tentar ligar-se ao PS, com ou sem Sócrates, com ou sem Pedro Passos Coelho.

Uma destas duas coligações, que não a atual, teria dado ao País e aos portugueses um rumo completamente distinto da desgraça entretanto produzida, deixando quem ficasse de fora a capitalizar o natural desacordo dos portugueses atingidos. Capitalizaria mais se fosse o PSD a ficar de fora do que se fosse o PS, e quase nada seria a capitalização se fosse o CDS/PP a restar nessa situação. Em todo o caso, subiria muito ligeiramente.

No momento atual, e como já todos perceberam muitíssimo bem – veja-se os constantes laivos de pânico de políticos do PSD –, o PS irá ser o partido mais votado nestas eleições que se aproximam. Em todo o caso, é bastante grande a probabilidade de não conseguir maioria absoluta, tal como a atual maioria, se, por erro de cálculo, se prosseguir com esta solução para as próximas eleições.

Se o PS obtiver uma maioria absoluta, ou uma maioria relativa muito tangencial, torna-se simples conseguir uma maioria de governação. O tombo do PSD e do CDS/PP será grande, mas só será claro, para cada um, se os dois partidos concorrerem separados.

Se concorrerem em coligação, levanta-se a questão de saber, perante futuras eleições, quanto valerá o CDS/PP, que é, em separado, o que apresenta a maior probabilidade de descida. E qual será o critério para se operarem, dessa vez, as listas conjuntas? O que vem de trás, mesmo sabendo que o CDS/PP é o que levará o maior tombo, e que num Governo de Bloco Central o CDS/PP não capitalizará quase nada? Além do mais, reconhece-se, desde que com frieza de espírito e ausência de paixão, que o PS será o partido mais votado e que uma coligação PSD/CDS/PP nunca conseguirá ser a força mais votada. E ainda que o PS nunca aceitará uma coligação a três, com dois partidos seus adversários, porque seria um suicídio.

Manda a lógica destas coisas que os partidos se candidatem isolados. O PS será o mais votado, mas, com elevada probabilidade, não terá maioria absoluta. PSD e CDS/PP sofrerão grandes tombos, sendo muito maior o do segundo. A um prazo de quatro anos, porém, serão precisas novas soluções, capazes de galvanizar o eleitorado, nessa altura já sem Paulo Portas nem Pedro Passos Coelho. O que é difícil é não perceber uma realidade tão elementar. O pior é a cegueira partidária...

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