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| |Tânia Rei| |
Mulheres e homens, sonham o amor – aquele que há-de chorar quando as vir dentro do tal vestido; e aquela que se há-de sentar nos estofos em pele, ao Domingo à tarde (ainda se usa passear ao Domingo à tarde?).
Ambos os sexos idealizam o momento em que tudo vai acontecer – quando encontrarem, no meio de um monte, o vestido reluzente, qual pepita de ouro num rio turvo; e o dia em que entrarem no stand automóvel, para pagar o carrito a pronto.
Quero também acreditar que mulheres e homens idealizam o amor – há-de haver alguém que valha a pena a dieta para o “grande dia”; e que faça valer as poupanças para ter um carro da moda, que entenda tamanho esforço.
O amor não é, claro, um vestido ou um carro. Vozes levantar-se-ão para me gritar aos ouvidos que o amor, esse, não é material. Pois eu digo que sim.
O amor pode não ir à lavandaria, nem à costureira – não há lustrações nem ajustes possíveis. O amor não vai à revisão – nestas lides, “mudar o óleo” tem outro significado. O amor pode servir para sempre, sem que importe a talha. O amor não se cura a martelo, se uma pancada levar.
Mas o amor é material. É palpável, sim senhor, porque nós queremos vê-lo, senti-lo e cheirá-lo. O amor vai estar ao lado do altar, bem trajado, para ver a noiva entrar. O amor irá preso na cadeirinha, no banco de trás do carro, ao Domingo à tarde.
O amor é, no fundo, aquele que é vítima de mais idealismos, de mais críticas, de mais pressões. Creio que ele não viu o desfile da Victoria’s Secret e poderá, até, não ter carta de condução. Ainda assim, insistem em convidá-lo para os eventos e mostram má cara quando ele diz “desculpem, tenho mesmo que ir embora”.
Todos querem o amor perfeito.
Ele não existe. Ninguém quer saber! Queremo-lo na mesma, em casa, nas esquinas, no ar que respiramos.
Por isso é que mulheres e homens procuram a perfeição noutros locais – todos sabemos que não é por aqui que nos safamos.
