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|Hélio Bernardo Lopes| |
Com o fim do comunismo na antiga União Soviética, e perante a cabalíssima e patética cedência – no mínimo…– de Gorbachev à grande estratégia dos Estados Unidos, estes adotaram, naturalmente, a postura de grandes vencedores da luta pela supremacia mundial. Uma realidade que foi merecendo, da politicamente falida União Europeia, sorrisos e tiques próprios de uma falsa igualdade.
Não admira, pois, que os laureados com o Nobel da Paz, há dias reunidos, tenham mostrado o seu receio de que possa estar a nascer uma nova Guerra Fria. Por outras palavras, o Papa Francisco também o referiu já. E, em boa verdade, até John Kerry, há um tempo atrás, reconheceu os enormes benefícios desse tempo, que muitos quiseram atirar para o passado histórico, ao reconhecer que tudo era então mais controlável.
A grande e indiscutível verdade, porém, é a que pode hoje ver-se à saciedade: conflitos militares alastram por todo o lado do mundo, ao mesmo tempo que as suas regiões prósperas vivem um verdadeiro declínio de empobrecimento, fruto, acima de tudo o resto, da adoção de políticas neoliberais, apenas norteadas pelo almejar do lucro e sem preocupações com a defesa e promoção da dignidade humana.
Ao mesmo tempo, assiste-se ao regresso do racismo nos Estados Unidos, de parceria com a completa incapacidade de pôr um fim na vergonha de Guantánamo e com funções básicas para a defesa das liberdades, direitos e garantias completamente subjugadas por uma organização dos sistemas de justiça e de segurança que constituem os expoentes cimeiros da organização da comunidade, mesmo que quase os reduzam a nada. Sobretudo, pretos e hispânicos.
Como pude já escrever por vezes diversas, os Estados Unidos são um Estado totalitário e uma plutocracia. Custa-me acreditar que alguém minimamente informado não se tenha já dado conta desta realidade. E é este quadro que, pela falta de controlo democrático dos europeus, pode estar à beira de se estender à União Europeia e aos seus Estados, fruto do pacto euro-atlântico tratado e posto em funcionamento à nossa revelia. De um modo sintético: adeus democracia e Direitos Humanos...