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|Hélio Bernardo Lopes| |
Uma realidade como a do Maio de 68 seria aqui impensável. E mesmo em França, a verdade é que a decisão dos comunistas franceses impediu um banho de sangue em Paris por parte dos generais franceses, então colocados na Alemanha.
A verdade, porém, é que se torna para mim muito mais simples ver e perceber que o modelo de organização das sociedades que está a ser imposto à generalidade dos povos do mundo, para lá de não concitar o apoio da sua enormíssima maioria, está a provocar muito mais males que os derivados de uma greve, mesmo como a dos diversos sindicatos ligados ao pessoal da TAP.
Assegura agora o Governo de Pedro Passos Coelho que a privatização da TAP é que vai salvar a companhia do seu fim. Muito sinceramente, não acredito. Desde logo, porque nenhum contrato pode exigir a limitação da gestão da estrutura que venha a ser privatizada. Entrando-se na área da negociata – olhemos a ética do tempo do mundo de hoje –, ninguém pode ser obrigado a realizar o que possa entender não ser o seu melhor caminho. O que significa que todas as garantias apregoadas pelo Governo mais não são que um conjunto de palavras com nexo linguístico, mas sem conteúdo operacional.
Acontece que a privatização da TAP, pela mão de um Governo do PS, esteve à beira de ser realizada. Por sorte – e a sorte, como o azar, existe mesmo –, essa privatização não veio a ter lugar. Se tivesse sido realizada, a falência da SWISSAIR teria consigo arrastado a existência da própria TAP.
De resto, o que se percebe vir a ter lugar com a privatização da TAP pôde já ver-se à saciedade com diversas outras privatizações. Por cá e por todo o mundo. Mesmo apenas entre nós, dispomos hoje de um fantástico leque de inenarráveis privatizações, que se saldaram em autênticos retrocessos sociais para a generalidade de todos nós. A TAP será o próximo, a que se seguirá o da água. Sabe o que lhe digo, caro leitor? Temos a democracia!