De Lisboa a Pequim

|Hélio Bernardo Lopes|
Há umas semanas atrás, tive a oportunidade de comentar a engraçada explicação de Luís Marques Mendes sobre o modo como os portugueses olhariam, ainda hoje, os investimentos chineses, ao referir que que há um certo preconceito em relação à China, por ser um país com problemas de direitos humanos e corrupção.

Quanto ao primeiro ponto – direitos humanos –, a vitória de Salazar no concurso, O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, constitui uma resposta cabal. No que se refere ao segundo ponto, porém, ele está completamente na ordem do dia, como todos conhecem bem. Já hoje ninguém duvida de que a corrupção constitui um fenómeno endémico da sociedade portuguesa. E, se tomarmos aqui o conceito de corrupção num sentido muito lato – percebe-se o que está em causa –, ela é mesmo muitíssimo antiga.

Mas o ilógico daquela afirmação de Luís Marques Mendes veio agora mais ainda à superfície, perante a detenção de Zhou Yongkang, até há pouco líder da Segurança Nacional da China, e ex-membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, composto apenas por sete elementos e liderado pelo secretário-geral do partido. Algo ainda hoje absolutamente inimaginável em Portugal. Mesmo para os mais criativos.

Aqui está, pois, a evidência de como o que separa Lisboa de Pequim, neste domínio do combate à corrupção e da sua eficácia, constitui um cabalíssimo abismo, mas a favor do gigante chinês. Ou seja: o preconceito, no fundo, é dos que continuam a colocar-se em bicos de pés, fingindo não perceber a realidade cultural que é a nossa.

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