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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Fruto de uma ignorância grande sobre a realidade das sociedades humanas, Churchill terá defendido, junto de certo político norte-americano que o visitou em Londres, que os Estados Unidos deviam destruir o Kremlin, para tal lançando sobre ele uma bomba nuclear semelhante às usadas no Japão. E explicou, com aquele seu saber de ignorância feito: tal ataque nuclear será a única salvação para a civilização.
Hoje, sem se ter chegado a um tal horroroso desiderato, os Estados Unidos estão-se a ver nas apertadinhas com as muitas centenas de militares contaminados com substâncias químicas diversas incluídas nas armas dos Estados Unidos usadas no Iraque, ao tempo da busca das tais outras de destruição maciça, mas que só existiam nessa outra mente doente, que é a de George W. Bush.
Mas não pense o leitor que esta ideia de Churchill foi coisa única, porque a extrema-direita norte-americana, com McCarthy e Le May à cabeça, vinham defendendo a mesma ideia, mas em grande: atacar as trinta maiores cidades soviéticas com duzentas bombas nucleares. Uma iniciativa estratégica que até incluiu estimativas do número de mortos norte-americanos nos Estados Unidos, como consequência da retaliação soviética!
Pois, caro leitor, esta é a realidade que a extrema-direita norte-americana de hoje está a tentar repor de pé desde o início do caso da Crimeia. E mostro-me estranho com o comportamento de Gorbachev, porque nunca esperei que tivesse a coragem de pôr em causa o que designou por triunfalismo norte-americano, chegando mesmo a defender a atual atitude política russa. Fiquei deveras admirado.