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| |Hélio Bernardo Lopes| |
É uma verdadeira obra, mesmo tendo em conta a diferença populacional entre os dois países. Porque se nos determinássemos a operar um raciocínio simples, elementar, teríamos de ter entre nós quatrocentas e vinte cinco investigações sobre cerca de cento e vinte e cinco políticos. E tudo ao redor da badaladíssima corrupção. Inimaginável!
Conversando à noite, à luz da última bica, com dois amigos meus, acabámos por operar uma convergência de pontos de vista e de satisfação, dado que entre nós nada disto tem lugar. Se é verdade que os portugueses estão a viver um razoável calvário, por via da política da atual Maioria-Governo-Presidente, sempre se podem regozijar com a quase completa ausência de corrupção a alto nível. De resto, e olhando apenas para os casos que vêm envolvendo bancos portugueses, e mesmo políticos nossos, a verdade é que o que se tem vindo a provar não levou a mais do que coimas, maiores ou menores.
Depois, este caso espanhol é incomensuravelmente pior que o nosso, porque os seus casos de corrupção são tantos, e de tal dimensão, sucedendo-se tão rapidamente, que as autoridades anticorrupção já solicitaram mais meios, com o número de denúncias a duplicar desde há dois. Isto foi-nos contado ontem, pela LUSA, mas percebe-se que o nosso caso é incomensuravelmente menor e menos grave. Assim como o megâmetro está para o metro.
Por toda esta realidade, pode bem dizer-se que somos uns sortudos. Não fora a grande comunicação social, e Portugal e os portugueses estariam hoje muitíssimo melhor, porque não se veriam alimentados com histórias que não conduzem a nada de comparável ao que agora se soube de Espanha. De resto, nós nunca tivemos nenhum caso do porte de Bernard Maddof, ou dos que vão surgindo nos mais diversos países europeus e mesmo do norte-africano. Somos, diga-se o que se disser, uns sortudos neste domínio, porque a corrupção tem aqui um caminho bem barrado, algo do tipo membrana impermeável. Uns sortudos!
