Gestão privada...

Hélio Bernardo Lopes
Foi de um modo muitíssimo assertivo que, na passada quinta-feira, Manuela Ferreira Leite, no seu tempo de comentário na TVI 24, se referiu à falta de realismo, em muitas situações, do pregão que tantos jornalistas, comentadores, analistas e políticos vêm fazendo sobre a (suposta) excelência da gestão privada, também apontada como muito melhor que a pública. E teve a mais cabal razão, como se vai dolorosamente podendo ver – e sentir – a cada dia que passa com a intervenção da atual Maioria-Governo-Presidente.

Ora, logo no dia seguinte, pelo final da manhã, tive a oportunidade de ouvir uma conversa de café entre um casal e uma senhora amiga, onde esta se queixava de uma frequência completamente inusual de erros na distribuição da correspondência postal. Não me admirei, até porque já em tempos referi o desastre que, com elevada probabilidade, eu perspetivava para tal função tão essencial. Em todo o caso, eu ainda não tinha tido a oportunidade de constatar, pessoalmente, esta nova situação, ali referida pela senhora ao casal seu conhecido.

Pois, logo pelas duas da tarde dessa sexta-feira, comigo na varanda da frente a reler uma obra de Anatole France, aguardando a chamada de minha mulher, eu tive a oportunidade de poder ver um outro caso, mas agora passado com um vizinho meu, que teve de ir entregar uma qualquer carta a um prédio em frente.

Por um acaso, acabei por sair primeiro e só, vindo a encontrar-me com a minha mulher cerca de hora e meia depois. Por um mero acaso, a propósito de uma carta que estava em certa porta, com a indicação de devolvida por razões de engano, soube então que a minha mulher tinha encontrado uma outra carta, também mal distribuída, na nossa caixa de correio, mas dirigida a um outro prédio e andar. Tudo, pois, diferente do que sempre se foi dando ao longo de décadas.

A tudo isto, há que juntar uma outra carta, entregue na minha caixa de correio, dirigida à administração do condomínio, mas sem indicação de andar, apenas com o número de polícia. Desta vez, uma falha da entidade pública, que não colocou o número do andar, embora uma desde há muitos anos se soubesse qual era, naquele prédio, o andar da administração do condomínio.

A partir destes casos, passados no meu prédio, tendo em conta o que ouvira na véspera no café, é já possível retirar, seguramente, a conclusão de que estará a ter lugar, com elevada probabilidade, uma mudança, para pior, na qualidade da distribuição postal. Ao menos naquela minha região de residência. Enfim, são as terríveis vicissitudes da gestão privada, que tudo aponta para que seja pior e mais cara. Sempre mais cara.

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