É importante saber do norte

|Hélio Bernardo Lopes|
Finalmente, os destinos europeus deixaram de estar encimados por José Manuel Durão Barroso, que em nada contribuiu, mesmo que de um modo aparente, para o avanço social e global do nosso País e da generalidade de todos nós.

E, devo aqui referi-lo, nunca imaginei outra coisa, mormente depois do cabalíssimo apoio a uma intervenção ilegal e infundamentada dos Estados Unidos no Iraque – as consequências continuam a desenrolar-se –, do inenarrável modo como deixou o Governo de Portugal e do que daí surgiu como consequência. Um pleníssimo símbolo que é um verdadeiro desastre político.

Mas se a entrada teve o seu quê de rocambolesco – convém também não esquecer aquele acalorado ao redor de um comissário que não chegou a sê-lo e que era membro do Opus Dei –, já a saída, ainda que de um modo diferente, seguiu-lhe as pisadas. Desta vez, Durão Barroso não gostou da atitude de David Cameron, ao redor da entrada de não britânicos no Reino Unido. Simplesmente, perante inúteis palavras, que já nem cabem na dimensão política que acabou por assentar em Durão Barroso, a verdade é que o Primeiro-Ministro Britânico foi bem claro na sua resposta: quem manda em mim é o povo britânico, não a União Europeia.

Trata-se de uma corretíssima resposta, sobretudo, para quem ainda não colocou de parte o amor pátrio e as suas grandes referências históricas. O que a resposta de David Cameron mostra, entre outras coisas, é que os britânicos não estão dispostos a hipotecar a sua soberania, desta vez em favor da Alemanha de Merkel, ou dos burocratas milionários da União Europeia, mesmo que não eleitos diretamente.

De facto, o Reino Unido tem uma História, de que faz até parte a recente consulta sobre a independência da Escócia. E quando olhamos os casos da Catalunha e do País Basco, logo se percebe todo um abismo de cultura democrática: há os que a praticam e os que a enunciam, melhor ou pior. O Reino Unido, como ora se pôde ver com a tomada de posição de David Cameron, conhece o Norte e sabe como demanda-lo.

O leitor pode compreender facilmente o reconhecimento dos portugueses por José Manuel Durão Barroso, se se recordar que este nem se atreveu a concorrer ao Presidente da República em 2016. Seria uma derrota garantida e tonitruante.

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