A nossa Democracia

|Hélio Bernardo Lopes|
Na passada terça-feira, como de um modo muito geral e regular, Mário Soares deu à estampa, no Diário de Notícias, o seu texto, A CRISE E PORTUGAL. Direi aqui que o texto contém as palavras adequadas e que se têm de aplicar às realidades portuguesa, europeia e norte-americana.

Indiscutivelmente, Portugal tem vindo a ser vendido ao desbarato, mas sem que se veja grande aplicação de capitais no País. Muito em especial, se puderem servir para exportar. E, de facto, o que os chineses fazem é comprar o que é bom, mas sem que daí venha algo de útil a não ser para os próprios chineses.

Depois, o antigo Presidente da República aponta a grave responsabilidade de Merkel, mas a verdade é que a Comissão Europeia pouco ou nada fez para parar os intentos da líder alemã. Pelo contrário, com a anterior liderança europeia tudo foi de mal para pior. Foi, no fundo, para o estado que hoje se pode ver.

Claro que António Costa é hoje um político que concita um amplo apoio dos portugueses. Mas, para lá de outras razões, porque estes estão fartos da política da atual Maioria-Governo-Presidente. Depois de ascender ao poder, António Costa vai ter especiais responsabilidades, porque os portugueses querem de volta o mais que justo e natural Estado Social. Sem este, os portugueses, seja qual for o político que governe o País, acabarão por cair na mediania, sem acesso a poderem, pelo seu mérito e pelo seu trabalho, subir na escala social.

Claro está que toda a União Europeia atravessa um tempo de dificuldades diversas. Mas a causa é só uma: falta investir na Economia e de um modo que seja diversificado. E falta ter a perceção de que trabalhar compensa, o que está hoje ausente da nossa realidade social, onde só se pensa em pagar o mínimo aos que trabalham. E onde meia dúzia vai enriquecendo, até com sustos, mas sem as adequadas consequências. E já agora, uma notinha: os mais atentos e exigentes, naturalmente, esperam de António Costa e do novo Governo do PS uma outra atitude em face das verbas astronómicas que estão a ser pagas com as parcerias público-privadas.

Finalmente, ainda uma nota final: Salazar não praticava a democracia partidária, mas nunca vendeu Portugal a pataco. Encontrou o País numa situação difícil e resolveu-a, graças também ao sacrifício dos portugueses. Mas não vendeu as riquezas de Portugal a pataco.

Foi preciso chegar a direita de hoje ao poder para que Portugal vendesse tudo quase ao desbarato. Temos uma (dita) democracia, é verdade, mas temos pobreza, não temos grande futuro e não dispomos, afinal, de um ínfimo de poder para fazer parar a hemorragia que a atual Maioria-Governo-Presidente trouxe a quase todos nós. É pouco e mau.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN