Singularidade mundial

Hélio Bernardo Lopes
Quase não consegui acreditar, há breves momentos, que o nosso ordenado mínimo nacional havia atingido a fantástica quantia de cinco euros para lá de meio milhar. Uma subida extraordinária de vinte euros, em face do montante oficialmente estabelecido até aqui.

Temos todos de reconhecer que um tal feito não irá deixar de causar perturbação nos trabalhos que têm vindo a decorrer na Assembleia Geral das Nações Unidas. Uma verdadeira singularidade mundial! Como seria de esperar, os nossos parceiros sociais não deixaram de apoiar tal iniciativa, com a notável exceção da CGTP. De resto, o patronato aceitou esta iniciativa, mas também se viu bafejado com uma diminuição da TSU que tem vindo a pagar. Dá-se uma migalha com uma mão, mas logo se tira talvez bem mais com a outra. A democracia em Portugal.

Seria interessante que as sondagens nos indicassem agora quem apoiam os portugueses preferencialmente, se a CGTP, que, com coragem e coerência, recusou o política e moralmente inaceitável, se a UGT, que, como desde há muito nos habituou, lá acabou por embarcar nesta nova solução minguante. Soluções que bem poderão vir a ter o destino de outras também apoiadas pela UGT.

Os poucos, os portugueses tudo vão perdendo, ao nível do que realmente lhes interesse e lhes é essencial: acesso aos cuidados de saúde, acesso ao saber e à cultura, uma velhice digna. Em contrapartida, e para lá do inenarrável funcionamento de tantas e tão essenciais das nossas instituições, os portugueses veem-se agora bafejados com esta subida mundialmente referente do salário mínimo nacional: com uma subida de vinte euros por mês, vão agora passar a auferir quintos e cinco. Uma singularidade mundial!

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