O holândes Antonie van Leeuwenhoek terá sido o primeiro ser humano a observar microrganismos. Mas mal sabia ele sobre a relação importante que mantemos com eles.
Vivem dentro de nós, na nossa pele, na nossa casa. São milhões e milhões de bactérias que nos acompanham desde que nascemos, que influenciam os nossos estados de saúde, de doença, o nosso humor e relações afectivas.
Esta convivência com seres microscópicos foi alvo de um estudo agora foi publicado num artigo na revista Science (http://www.sciencemag.org/content/345/6200/1048). No geral, o estudo mostra que cada um de nós vive rodeado por um conjunto de bactérias que é característico de cada um de nós. É como se para além da nossa própria identidade tivéssemos um conjunto de bactérias que nos é característico e que se move connosco.
O estudo mostra que os locais onde passamos mais tempo, casa, trabalho, estão povoados por um conjunto de bactérias específico a cada um de nós. Se mudarmos de casa, as bactérias também mudam! O nosso local de trabalho está repleto de bactérias que estão em íntima relação connosco. Se mudarmos de trabalho as nossas bactérias acompanham-nos.
O artigo também mostra que partilhamos com os nossos familiares um conjunto de bactérias semelhante. Quanto mais próxima a relação mais idênticas são as espécies de bactérias que partilhamos. Há assim, pode dizer-se, um conjunto de bactérias que fazem parte da nossa família!
Depois deste estudo abrem-se as portas para que num futuro próximo passemos a possuir uma espécie de boletim microbiano que nos identifica, o nosso próprio microbioma. Um retrato das nossas bactérias.
António Piedade
Conteúdo fornecido por:Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva