Três detalhes e uma pergunta

Hélio Bernardo Lopes
Escreve diariamente
Num texto de ontem, o académico Francisco Louçã expunha três detalhes que considerou importantes ao redor da solução apresentada na noite de domingo pelo Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para o caso GES/BES. O que vale a pena é ler o texto de Francisco Louçã e discuti-lo com familiares, amigos, conhecidos ou meditar sobre ele.

A um outro nível, como se percebe de um modo elementar, eu mesmo referi o conteúdo destes três detalhes – sensivelmente, claro – no meu texto de ontem, SEGUNDA VIA. Mas o que também me parece um dado certo é a conclusão que o académico tira no final do seu texto: tudo isto vai custar muito caro aos contribuintes. Afinal, até Maria Luís Albuquerque reconheceu ontem que existe algum risco, embora o estime como mínimo.

O problema é que os portugueses são hoje grandes conhecedores da Teoria da Trapalhada, lançada no ambiente económico e financeiro mundial pela atual Maioria-Governo-Presidente. E tanto assim, que somos agora a primeira cobaia desta nova teoria. Além do mais, convém não pôr de lado o problema da assinatura eletrónica dos governantes, se algo acontecer de desagradável. É essencial conjugar o modo português de estar na vida com a borracheira em que se constitui o nosso ordenamento jurídico.

A estes (importantes) três detalhes, eu junto uma pergunta: depois de escutar as palavras de Carlos Costa na noite deste passado domingo, custa acreditar que tudo isto possa passar ao lado da máquina judiciária, ou acabará por vir realmente a passar? Porque mesmo tratando-se de Portugal, ainda custa acreditar numa tal possibilidade.

Ora, o nosso Sistema de Justiça dispõe hoje de um juiz já extremamente traquejado em questões como esta, ou, até, mais complexas. De molde que me interrogo: vai todo este caso parar ao controlo do prestigiado e competente juiz Carlos Alexandre, que tão boas provas tem dado, conseguindo, no meio do lamaçal moral que varre o País, levar tantas cartas a Garcia

É uma pergunta com lógica, até porque, em 2010, entraram no TCIC, onde está o juiz Carlos Alexandre, dezoito processos. Destes, quinze foram concluídos, sendo três o número de processos pendentes. Simplesmente, dois destes têm já conclusão marcada, pelo que, dentro de duas semanas e pouco, o TCIC ficará apenas com um processo. Ou seja, o juiz Carlos Alexandre tem condições para trabalhar sem grande pressão processual e conhece muitíssimo bem todo este tipo de temas. Vamos esperar. Por fim, volto a manifestar o meu enormíssimo espanto pela proposta do PCP para que se crie uma comissão parlamentar de inquérito a todo este caso, o que significa a concessão de um fantástico mecanismo para que se implante todo o tipo de dúvidas, confusões e diz-que-disse.

Vindo do PCP, por acaso aqui antecipado por João Cravinho, causa-me um terrível espanto e dúvidas difíceis de ultrapassar. E dos jornalistas, simplesmente nada, se excetuarmos a pergunta lógica colocada a Pedro Adão e Silva, na SIC Notícias, e a que este respondeu com a inutilidade garantida de tal comissão.

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