As coisas são como são

Hélio Bernardo Lopes
Escreve diariamente
Recordar-se-ão muitos leitores de um texto meu em que abordei uma entrevista concedida por Adriano Moreira à revista católica, STELLA, e onde, respondendo a uma pergunta do entrevistador sobre a lógica da Igreja Católica ser dona de um banco, o académico respondeu pela falta dela, dizendo que Jesus expulsou os vendilhões do templo, não os querendo lá. Pois, assim não pensou agora o Papa Francisco.

Francisco I aprovou ontem uma proposta para a manutenção em funcionamento do INSTITUTO PARA AS OBRAS RELIGIOSAS, usualmente conhecido por Banco do Vaticano. Em todo o caso, diz-se agora que esta instituição vai continuar a ser alvo de supervisão regular por parte da Autoridade de Informação Financeira do Vaticano. Ou seja: o Banco do Vaticano vai ser supervisionado pela Autoridade Financeira do Vaticano…

Quer isto dizer, pois, que, com algum tempo e a essencial adaptação às circunstâncias, tudo vai continuar na mesma. Como se sabe, as coisas são como são, pelo que, não dispondo a Igreja Católica de grandes verbas ofertadas pela esmagadora maioria dos seus crentes, o dinheiro terá de lhe chegar pelos mecanismos universais de criação e acumulação de capital. Mais uns anitos – quem sabe se mesmo apenas mesitos? –, e aí teremos novas revelações escandalosas mas usuais neste tipo de atividade.

Uns gestos de simpatia inusual, de parceria com garantias dadas solenemente mas publicamente incontroláveis, e, como que por magia, tudo vai continuar como dantes, mas com a necessária adaptação. Por sorte, Durão Barroso, muito próximo da Opus Dei, veio ajudar-nos a perceber que, afinal, a supervisão bancária pode mesmo nada descobrir ao longo de muitos anos, que foram décadas nos casos norte-americanos. Percebe-se facilmente, pois, o que se não dará com a supervisão do Banco do Vaticano a ser operada pelo…Vaticano. E a vida corre.

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