Dispositivo inovador evita AVC em doentes com fibrilhação auricular

Já está disponível em Portugal um novo dispositivo que protege os doentes com fibrilhação auricular do risco de sofrerem um acidente vascular cerebral (AVC), uma das principais complicações desta arritmia cardíaca e vulgarmente conhecida como "trombose cerebral". É a única solução disponível para quem não pode ser medicado com anticoagulantes orais (ex.varfarina) o que em Portugal corresponde a uma população de cerca de 7 mil doentes.

Esta metodologia inovadora permite encerrar o apêndice auricular esquerdo através da colocação do dispositivo Watchman, da Boston Scientific, que é introduzido por via percutânea, ou seja, através de um cateter introduzido numa veia, sem necessidade de cirurgia.

O apêndice auricular esquerdo é uma pequena cavidade do coração que, tal como o nome indica, está anexa à aurícula esquerda. Em caso de fibrilhação auricular, esta cavidade perde a sua capacidade de contração e o sangue estagna no seu interior podendo formar trombos (coágulos). Os AVC resultam do bloqueio súbito de artérias cerebrais por trombos que se libertaram do apêndice auricular para a corrente sanguínea. Inúmeros estudos demonstram que mais de 90% dos trombos formados em doentes com fibrilhação auricular têm origem neste apêndice. O dispositivo Watchman permite encerrar o apêndice auricular e eliminar a possibilidade de formação de trombos a partir desta cavidade.

O Dr. Eduardo Infante de Oliveira, Cardiologista do Hospital de Santa Maria, afirma que “o encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo já foi utilizado com sucesso em 24 doentes portugueses que, por motivos vários, não podiam ser tratados com medicamentos anticoagulantes, melhorando a sua qualidade de vida e reduzindo significativamente o risco de sofrerem AVC, que nos doentes com fibrilhação auricular é muito superior ao da restante população. O risco de AVC aumenta com a idade, mas também o risco de hemorragia. Os mais idosos são os que mais beneficiam do tratamento com medicamentos anticoagulantes mas simultaneamente podem sangrar com mais facilidade. É um importante avanço poder oferecer um tratamento alternativo."

Um estudo de eficácia e segurança, realizado em cerca de 800 doentes, demonstrou existir uma redução de 29% do risco de AVC e de 28% da taxa de mortalidade nos doentes submetidos ao encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo quando comparados com os doentes medicados com terapêutica anticoagulante, comprovando-se assim que esta é uma alternativa válida para os doentes com fibrilhação auricular.

Sobre a fibrilhação auricular
A fibrilhação auricular, a arritmia mais frequente na prática clínica, constitui-se hoje como um dos mais importantes fatores de risco para o acidente vascular cerebral (AVC). Trata-se de um distúrbio do ritmo cardíaco caracterizado pela contração rápida e descoordenada das câmaras superiores do coração (aurículas) conduzindo a batimentos cardíacos rápidos e irregulares.

Os impulsos elétricos extremamente rápidos originados nas aurículas são transmitidos em parte aos ventrículos (câmaras inferiores do coração), levando estas cavidades a contraírem-se de forma acelerada e irregular. Os ventrículos, responsáveis pela ejeção de sangue para as artérias, podem nalguns casos não conseguir manter um débito de sangue suficiente para suprir as necessidades do organismo, podendo assim comprometer o funcionamento dalguns órgãos. A frequência cardíaca encontra-se normalmente entre os 60 e 100 batimentos por minuto, enquanto na fibrilhação auricular é em geral mais rápida, podendo atingir valores entre 100 e 175 pulsações / min.

Estima-se que atinja cerca de 2,5% da população portuguesa acima dos 40 anos. É por si própria uma causa importante de morbilidade e mortalidade tendo um risco de acidente vascular cerebral (AVC) embólico elevado.

É um fator de risco independente para a morte súbita cardíaca e para a mortalidade global. Na população acima dos 50 anos de idade a sua incidência duplica por cada década de vida.

Sendo uma doença diretamente ligada à idade prevê-se que a incidência desta doença cresça exponencialmente nos próximos anos devido ao envelhecimento esperado da população mundial. Os sintomas mais comuns são as palpitações, dispneia, cansaço e tonturas. Contudo, muitos doentes não têm qualquer sintoma e desconhecem o seu risco acrescido de AVC.

Risco de AVC embólico em doentes com fibrilhação auricular
A inexistência de contração organizada das aurículas provoca uma estase sanguínea ao nível das mesmas. Esta estase sanguínea é propensa à formação de coágulos (trombos) que, formando-se na aurícula esquerda, são potenciais causadores de AVC embólico.

A aurícula esquerda comunica com o ventrículo esquerdo e este, por sua vez, bombeia sangue para o resto do corpo. No caso da libertação de trombos formados na aurícula esquerda o trajeto poderá levá-los para as artérias cerebrais provocando uma necrose (morte celular) da zona onde se alojam os trombos, causando o AVC. Cerca de 90% dos trombos auriculares são formados no apêndice auricular.

O risco de formação de trombos na aurícula esquerda depende também de vários outros fatores de risco, sendo a idade, a Insuficiência Cardíaca, a Hipertensão e a Diabetes Mellitus dos fatores mais importantes.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN