Os dias lá vão passando, com os portugueses a serem entretidos, através dos nossos canais televisivos, com os supostos terríveis problemas do País, ou com os nossos grandes programas culturais, mormente as ininterruptas e infindáveis telenovelas, ou com a recorrente bola nossa de cada dia, ao mesmo tempo que o País real se move por onde realmente os portugueses têm de viver.
Foi, pois, assim que se entrou num novo estado do tempo, com o desaparecimento daquela vaga de frio que nos atingiu até há umas duas semanas, mas a que se seguiu um céu limpo, com o Sol bem à vista, e outras coisas a terem lugar, por igual bem à vista, mas a um ritmo verdadeiramente alucinante... Um ritmo que cresceu aos longos de muitos anos e se implantou irreversivelmente.
Uma dessas coisas, que aqui refiro pelo que pude observar na quinta-feira em que escrevo este texto, foi a fantástica explosão de estupefacientes que teve lugar na capital do País, neste curto espaço de uma semana. A semana que quase findou com a Sessão Solene de Abertura do Ano Judicial.
Frequentes foram os dias desta semana com uma verdadeira multidão de carros preenchendo tudo o que era lugar público para estacionamento, e com os mil e um restaurantes a deitar pelas costuras, como usa dizer -se.
Engraçadíssimo foi o que tive a oportunidade de poder viver, quando me aproximava, distraidamente, de certa paragem de autocarro, muito próxima do meu local de residência.
Fui visto por certa senhora quarentona antes de eu mesmo a ver. Simplesmente, ela já conhecia a minha cara e pessoa de vista, ao menos por fotografia, de molde que tratou de tapar a cara com a mão direita, fingindo estar a afugentar o sono.
Ao dar-me conta deste cenário, e percebendo que não tocava, minimamente que fosse, na sua cara, percebi que o que pretendia era não ser por mim vista.
Num ápice, parei à sua frente, a menos de metro e meio, rindo à gargalhada e em voz alta, constatando que a senhora, muito bem vestida, lá continuava com a mão na cara. Até que teve que a tirar, continuando eu a rir e já mais aconchegado à referida paragem de autocarro.
E lá fui tomar a minha bica de pré-almoço, precisamente ao café frontal à referida paragem, tendo depois voltado para esta. Até que chegou a pouco frequente carreira que serve aquela artéria e se dirige à... Cidade Universitária.
Ou seja, a nossa jovem e interessante senhora era, afinal, uma mula - mais uma dos milhões que por aí se vêem forçadas a andar -, que ali ia carregada com as quantidades destinadas a servir os seus patrões, que depois as venderão aos mil e um papalvos que ainda caem na triste ideia de seguir por um tal desfiladeiro suicida.
Lembrei-me, no meio de todo este inenarrável espetáculo, de uma palestra de Maria José Morgado, a que assisti no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa há já uns anos. Ao sair, de um modo claramente forçado, fui abordado por um jovem a caminho dos vinte e cinco, com quem falei durante toda a noite, até perto da última composição do Metropolitano de Lisboa.
Ali pude ver o fantástico espetáculo que envolvia - porventura, continua a envolver - a Faculdade de Direito de Lisboa, bem mais e melhor iluminada que a sua frontal, de Letras. Os carros, sempre os mesmos, como num carrossel, saíam pelo caminho lateral de terra batida, mas voltavam cerca de quarenta minutos depois...O mais engraçado ainda foi ver o completamente inútil giro policial, ao par, dando sucessivas voltas por toda aquela região, mas nada fazendo contra o que por ali se via completamente às claras.
Numa mera perspetiva especulativa, pergunto eu hoje qual terá sido o custo global daquela noite que ali passei até perto da meia-noite e quarenta e cinco? Deixo tal incumbência ao meu caríssimo leitor, ou a quem goste de elaborar modelos explicativos dos fenómenos que observa, estimando, ao menos por uma via intuicionista, os valores dos correspondentes parâmetros.
E pronto, depois de mais uma quinta-feira escaldante, sem chuva mas com um Sol de Inverno muito agradável, e pleno do que se diz combater a toda a prova e com um êxitão, cá vou ver a nova leva de historietas que os noticiários desta noite irão trazer a quem não esteja a ver uma qualquer repetição da bola nossa de cada dia. Novas excelentes soluções para o futuro do País, muito em especial, para os nossos filhos e netos.
Foi, pois, assim que se entrou num novo estado do tempo, com o desaparecimento daquela vaga de frio que nos atingiu até há umas duas semanas, mas a que se seguiu um céu limpo, com o Sol bem à vista, e outras coisas a terem lugar, por igual bem à vista, mas a um ritmo verdadeiramente alucinante... Um ritmo que cresceu aos longos de muitos anos e se implantou irreversivelmente.
Uma dessas coisas, que aqui refiro pelo que pude observar na quinta-feira em que escrevo este texto, foi a fantástica explosão de estupefacientes que teve lugar na capital do País, neste curto espaço de uma semana. A semana que quase findou com a Sessão Solene de Abertura do Ano Judicial.
Frequentes foram os dias desta semana com uma verdadeira multidão de carros preenchendo tudo o que era lugar público para estacionamento, e com os mil e um restaurantes a deitar pelas costuras, como usa dizer -se.
Engraçadíssimo foi o que tive a oportunidade de poder viver, quando me aproximava, distraidamente, de certa paragem de autocarro, muito próxima do meu local de residência.
Fui visto por certa senhora quarentona antes de eu mesmo a ver. Simplesmente, ela já conhecia a minha cara e pessoa de vista, ao menos por fotografia, de molde que tratou de tapar a cara com a mão direita, fingindo estar a afugentar o sono.
Ao dar-me conta deste cenário, e percebendo que não tocava, minimamente que fosse, na sua cara, percebi que o que pretendia era não ser por mim vista.
Num ápice, parei à sua frente, a menos de metro e meio, rindo à gargalhada e em voz alta, constatando que a senhora, muito bem vestida, lá continuava com a mão na cara. Até que teve que a tirar, continuando eu a rir e já mais aconchegado à referida paragem de autocarro.
E lá fui tomar a minha bica de pré-almoço, precisamente ao café frontal à referida paragem, tendo depois voltado para esta. Até que chegou a pouco frequente carreira que serve aquela artéria e se dirige à... Cidade Universitária.
Ou seja, a nossa jovem e interessante senhora era, afinal, uma mula - mais uma dos milhões que por aí se vêem forçadas a andar -, que ali ia carregada com as quantidades destinadas a servir os seus patrões, que depois as venderão aos mil e um papalvos que ainda caem na triste ideia de seguir por um tal desfiladeiro suicida.
Lembrei-me, no meio de todo este inenarrável espetáculo, de uma palestra de Maria José Morgado, a que assisti no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa há já uns anos. Ao sair, de um modo claramente forçado, fui abordado por um jovem a caminho dos vinte e cinco, com quem falei durante toda a noite, até perto da última composição do Metropolitano de Lisboa.
Ali pude ver o fantástico espetáculo que envolvia - porventura, continua a envolver - a Faculdade de Direito de Lisboa, bem mais e melhor iluminada que a sua frontal, de Letras. Os carros, sempre os mesmos, como num carrossel, saíam pelo caminho lateral de terra batida, mas voltavam cerca de quarenta minutos depois...O mais engraçado ainda foi ver o completamente inútil giro policial, ao par, dando sucessivas voltas por toda aquela região, mas nada fazendo contra o que por ali se via completamente às claras.
Numa mera perspetiva especulativa, pergunto eu hoje qual terá sido o custo global daquela noite que ali passei até perto da meia-noite e quarenta e cinco? Deixo tal incumbência ao meu caríssimo leitor, ou a quem goste de elaborar modelos explicativos dos fenómenos que observa, estimando, ao menos por uma via intuicionista, os valores dos correspondentes parâmetros.
E pronto, depois de mais uma quinta-feira escaldante, sem chuva mas com um Sol de Inverno muito agradável, e pleno do que se diz combater a toda a prova e com um êxitão, cá vou ver a nova leva de historietas que os noticiários desta noite irão trazer a quem não esteja a ver uma qualquer repetição da bola nossa de cada dia. Novas excelentes soluções para o futuro do País, muito em especial, para os nossos filhos e netos.