Um perigoso desnorte

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1608463554336{margin-left: 26px !important;}"]Uma entrevista recente de Marisa Matias, candidata ao Presidente da República, veio mostrar uma espécie de moeda com dupla face: de um lado a razão da verdade, do outro a falta de atenção ao que é central para quase todos os portugueses. Precisamente o que, em conversas com amigos, tenho referido como um certo desnorte do Bloco de Esquerda.


Em primeiro lugar, tem Marisa Matias a mais cabal razão quando refere que quem recusou a existência da Geringonça não foi o Bloco de Esquerda, foi o PS. Esta recusa deveu-se a uma multiplicidade de fatores, muitos deles ligados a velhos tiques por parte de dirigentes do PS, que sempre viveram um terrível pânico em face do Bloco de Esquerda, e de outros que sempre consideraram uma unidade à Esquerda, mesmo que em defesa de aspetos centrais para os cidadãos, como um caminho a recusar liminarmente. Bom, o resultado está à vista.


Em segundo lugar, também assiste razão a Marisa Matias quando refere a falta de uma voz na defesa clara e inequívoca do Serviço Nacional de Saúde. A verdade é que a Ministra da Saúde, Marta Temido, tem sido a sua estrénua defensora, embora não faça milagres. Mau grado todas as limitações, a verdade é que a falta daquele serviço, com tudo entregue aos privados, daria no que diariamente nos chega dos Estados Unidos...


Em terceiro lugar, aborda também a eutanásia, que considera um dos temas que realmente precisa de ser discutido, mas achando, com lógica, que há um momento em que se tem de decidir e que tal passo já devia ter sido dado. Simplesmente, com alguma ingenuidade aparente, lá diz esperar que a lei da eutanásia, se for aprovada na Assembleia da República, não seja bloqueada em nenhuma das esferas do poder. Então e o atual Presidente da República? Será que ele continuará, num cenário de aprovação parlamentar, a aceitar a separação de poderes, ou antes irá atuar como se la loi c’est lui?


Em quarto lugar, tem Marisa Matias toda a razão quando refere que o PS se demitiu do combate nas presidenciais. E continua a ter razão quando refere que é lamentável que, num país com uma maioria de centro-esquerda, esta não se faça representar nas eleições presidenciais. Simplesmente, há aqui um dado a ter em conta: falta alguém com carisma suficiente para concitar um apoio maioritário numa eleição para o Presidente da República, e que seja capaz de definir uma grande estratégia para Portugal, mas também garantir a defesa da Constituição da República, mormente ao redor da importância central do papel do Estado Social.


E, em quinto lugar, perda a razão quando refere que o Orçamento do Estado para 2021 é um orçamento fora de tempo, que não foi feito para tempos de pandemia, porque não traz a proteção necessária. É uma afirmação híbrida, com e sem razão, mas que, se levada à letra, como infelizmente fez o Bloco de Esquerda, poderá vir a ajudar a deitar por terra todas as grandes conquistas que se conseguiram com a ação política da Geringonça.


Os portugueses estão primeiro, como primeiro estão as suas reconquistas, sendo-lhes incompreensível que o Bloco de Esquerda, para defender a sua razão, acabe por pôr em risco o que de mais importante a Geringonça lhes devolveu. Ter razão, em política, está muito para lá da mera razão da coerência, havendo sempre esta de ser entroncada com os perigos advindos dessa mesma coerência. No fundo, se quisermos ser objetivos, o que o Bloco de Esquerda seguiu foram os ventos de um perigoso desnorte.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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