Neste trabalho, os investigadores recolheram evidências «incontornáveis» de que essas alterações biológicas «não afetam apenas algumas espécies isoladas, mas que simplificam redes alimentares inteiras, ameaçando a persistência das comunidades biológicas naturais a longo prazo. Devemos tomar medidas urgentes para proteger a integridade das cadeias tróficas naturais, sob o risco de empurrarmos rapidamente ecossistemas inteiros para fora dos seus limites de segurança», afirma Ruben Heleno, coautor do artigo e investigador do Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
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De referir que há quase três décadas, 1.700 cientistas emitiram um primeiro aviso à humanidade, alertando para a necessidade de proteger a “rede de interdependências entre seres vivos (…) cujas interações e dinâmicas apenas em parte compreendemos”. Desde então, cientistas de todo o mundo abraçaram completamente esta missão de descobrir as regras que regem a formação, funcionamento e resiliência das complexas redes de interações biológicas que em última análise suportam a vida na Terra.
Recentemente, um segundo aviso foi emitido e assinado por mais de 15.000 cientistas de 187 países declarando que “para prevenir a miséria generalizada e uma catastrófica perda de biodiversidade, a humanidade não pode seguir na atual trajetória de business as usual e deve enveredar por uma alternativa mais sustentável”.
No estudo agora publicado, explica Ruben Heleno, «adotamos uma visão mais alargada de biodiversidade e reavaliamos o estado das redes alimentares no mundo, a sua capacidade de resistir face a ameaças externas, e sobre a capacidade de detetarmos sinais de alerta que nos avisem sobre o eventual colapso das redes tróficas naturais».
As evidências, prossegue, «mostram que a maioria dos motores das alterações globais, como por exemplo o aumento da temperatura, as invasões biológicas, perda de biodiversidade, fragmentação de habitat, e sobre-exploração, tendem a simplificar as redes tróficas, concentrando os fluxos de matéria e energia na natureza através de menos vias, ameaçando a persistência das comunidades biológicas no longo prazo.

O investigador da UC salienta ainda que, «de um modo geral, a melhor evidência mostra claramente que para além de termos de enfrentar o desafio das alterações climáticas e de contrariar a tendência de extinção de espécies ameaçadas, precisamos igualmente de enfrentar o desafio de travar as alterações biológicas globais e especificamente de proteger as redes alimentares na natureza, ou arriscamo-nos a assistir ao colapso de ecossistemas inteiros».
Em simultâneo, nota Ruben Heleno, «precisamos de perceber melhor os potenciais efeitos sinergísticos ou atenuadores entre os motores das alterações climáticas e biológicas. Aqui, destacamos os principais desafios à conservação das redes alimentares na natureza e os avanços recentes que nos podem ajudar enfrentar esses desafios».[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]