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|Hélio Bernardo Lopes| |
A generalidade dos leitores deverá já ter tomado conhecimento desta recente decisão do nosso Ministério Público, que mandou arquivar a investigação que vinha realizando ao redor das denúncias expostas contra responsáveis da autarquia, porventura de outras pessoas e/ou entidades públicas, mesmo particulares.
Devo dizer que tudo isto não me surpreende, porque a grande comunicação social de hoje se encontra cabalmente localizada na área política da Direita, para lá do pernicioso efeito da competição pelas audiências, assim se deitando mão de quanto possa conter sensacionalismo e suscitar uma atenção mais ou menos mórbida.
Tal como Valdemar Alves, também eu estou convencido de que existiu por detrás desta historieta sobre a Câmara Municipal de Pedrógão Grande uma mão ligada ao interesse partidário da Direita, por aí se tentando destruir a imagem que o Governo criou e que foi o tal seguro de vida que garantiu o seu prestígio de hoje, tal como no-lo referiu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa em Angola. O que o Governo realizou e a possibilidade que teve de o fazer por via, precisamente, do amplo apoio parlamentar que conseguiu concitar na Assembleia da República.
Por fim, o caso mais estranho, mas que acaba por se constituir num excelente indicador da má qualidade da nossa atual grande comunicação social: o caso de serem 1 e 19 a mesma coisa. Uma realidade que justifica esta minha pergunta: como continuar a dar um mínimo de crédito ao que nos é contado em tais meios de informação? E já reparou, o leitor, que em face destes mil e um atropelos à verdade, não nos surge uma única reação da parte dessa mesma grande comunicação social? Imagine que tinha sido o desembargador Neto de Moura a escrever que 1 = 19 num dos seus acórdãos... Ai o burburinho que por aí não nos surgiria – um incompetente, que nem sabe já a tabuada!! –, para mais logo ampliadíssimo por essa mesma grande comunicação social na infinda sucessão de réplicas com cadência diária!! E não duvide, caro leitor: a nossa grande comunicação social acabou por assumir um terrível e nefando papel para a imagem da democracia que temos. É nessa grande comunicação social que reside grande parte da causa da má imagem que os portugueses hoje têm da democracia, do seu funcionamento e das suas instituições. E é pena.