Os maus gestores

|Hélio Bernardo Lopes|
Como teria de dar-se, lá me vi obrigado a acompanhar a entrevista de Pedro Santana Lopes, ontem dada à TVI, durante o noticiário da hora do jantar, onde foi (muito mal) entrevistado por Pedro Pinto e Miguel Sousa Tavares. Sobretudo, por este último.

A entrevista, objetivamente, não teve um mínimo de interesse, mas a intervenção de Pedro Santana Lopes poderá ter assumido, em face da má condução dos entrevistadores, algum brilhantismo oratório. Indiscutivelmente, o entrevistado mostrou-se fluente, falando alto, de um modo rápido e parecendo transmitir certezas. A verdade é que tudo não passa de aparência.

Esta entrevista permitiu perceber esta realidade simples: Pedro Santana Lopes e a sua nova e efémera Aliança posicionam-se à luz dos valores do atual neoliberalismo, que tem conduzido os povos do Mundo ao estado que pode hoje ver-se. Defendem, portanto, a tal ação político-económica que o Papa Francisco sempre apontou como causadora de morte.

De um modo sintético, o Aliança e o seu fundador defendem o fim do Estado Social, a ser substituído por um Estado solidário... Assim, o Serviço Nacional de Saúde, constitucionalmente consagrado como universal e tendencialmente gratuito, seria substituído por seguros de saúde obrigatórios. Como seria de esperar, não nos explicou como apoiar os que não pudessem pagar os prémios desses seguros. Claro que ninguém que tenha um pouco de bom senso deixará de perceber que, a seguir-se entre nós um tal rumo, os portugueses iriam de mal para imensamente pior.

Também referiu que o Estado não pode sustentar empresas de transportes deficitárias, nem sustentar passes sociais grátis para todos, continuando a despejar dinheiro em cima de défices crónicos. Diga-se, em todo o caso, que lá esboçou a ideia de que Lisboa é um caso diferente, não se deitando aqui a tecer comparações com outros países. A verdade é que as pessoas têm de movimentar-se e os custos correspondentes são completamente insuportáveis. E depois a iniciativa dos passes na Grande Lisboa e no Grande Porto suportam-se no facto de a gestão municipal não visar a obtenção de lucros a todo o custo, antes servir as populações. Conversa para entreter...

Por fim, Pedro Santana Lopes acusou o Estado de ser um mau gestor por regra. Simplesmente, os portugueses tiveram a duríssima oportunidade de poder ver no que deu a excelência da gestão privada do BCP, BPP, BPN, GES/BES, BANIF, etc.. Infelizmente, nem Pedro Pinto nem Miguel Sousa Tavares se lembraram de lhe colocar estes excelsos exemplos da melhor gestão privada, certamente destinados a vierem a ser tratados como casos de estudo nas grandes universidades mundiais.

Felizmente, os portugueses tiveram a oportunidade de poderem aquilatar do que um dia lhes virá a suceder se, por uma distração dos diabos, se determinaram a dar ao ex-PSD e à sua nova efémera Aliança um mínimo de poder. A CHAVE, como se diz em Espanha.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN